domingo, 24 de novembro de 2019

24 de Novembro de 2019 - 106 Anos da Inauguração das Estações de Borborema e Cacimbas

Olá amigos do HFPB. Hoje, 24 de novembro de 2019 é uma data comemorativa. Há exatos 106 anos eram inaugurados as estações de Borborema e Cacimbas, no Brejo paraibano.
Estas estações foram partes integrantes da construção do ramal Estrada de Ferro Independência - Picuhy. No dia 24 de novembro de 1913 foi entregue mais uma etapa das obras de prolongamento que partira de Pirpirituba em destino a então localidade de Boa Vista, posteriormente Borborema.
Trecho este de 18 km entre a estação de Pirpirituba até Borborema, concluindo a terceira etapa no prolongamento férreo.
A distância entre as estações é a seguinte: Pirpirituba a Cacimbas - 7 km, Cacimbas a Borborema - 11 km, Pirpirituba a Borborema - 18 km.
No dia da inauguração foi marcada uma grande festa, com um trem especial percorrendo pela primeira vez o trecho então entregue. Na época, Borborema era uma pequena fazenda incrustada no município de Bananeiras. Cacimbas sempre foi uma pequena localidade no município de Pirpirituba destinada ao transporte de passageiros da fértil zona brejeira produtora exclusivamente de derivados da cana de açúcar, como a rapadura e o aguardente com seus engenhos em torno da mesma.
A partir de então, Borborema teve um surto de desenvolvimento. A localidade em seguida foi elevada na categoria povoado, depois distrito e em 1959 na condição de município independente. Já Cacimbas nunca sofreu uma intervenção urbanística em seu torno, permanecendo sempre uma pequena porém simpática estação afim de suprir as necessidades locais.
Em 1966 o trem percorreu o ramal até Bananeiras pela última vez, sendo em seguida desativado e todo seu material de trilhos e dormentes, estruturas de pontes e via permanente retirados. 
A estação de Borborema atualmente é sede da Secretaria de Educação Municipal, já a estação de Cacimbas serve de moradia de animais de moradores da região. Esta estação apesar do abandono, ainda mantém parte da estrutura original como a pintura, portas, janelas e telhado. 

Estação de Borborema na década de 1960

  Estação de Borborema em 2018. Foto: Emival G. Barros.

Reportagem da inauguração do trecho. A Província - 28 de novembro de 1913.

Estação de Cacimbas em 2017

Parte do antigo trecho entre Cacimbas e Borborema. Foto: Emival G. Barros.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Estação de Brejo das Freiras (Antiga Poço Adão)

Olá amigos do HFPB. Em mais uma postagem sobre estações sertanejas, hoje desembarcamos na imemorial estação de Brejo das Freiras, antiga Poço Adão, localizada no município de São João do Rio do Peixe.  
A história dessa localidade se remonta a década de 1920, com o prolongamento da Estrada de Ferro Ceará - Parahyba. Obra esta encarregada pela Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas (IFOCS) iniciada em junho de 1920 com o objetivo de construção de grandes açudes no Sertão para suprir as necessidades da população tão escassas nos períodos de estiagens.
As obras seguiram regularmente entre Paiano, no vizinho Estado do Ceará até o primeiro trecho em São João do Rio do Peixe e Cajazeiras, inaugurado oficialmente em 5 de agosto de 1923. 
A estação de Poço Adão, era modesta e pequena, servia fundamentalmente para suprir o tráfego de passageiros entre a localidades de Brejo das Freiras e da população rural como um todo. A partir da construção e conclusão do Açude Pilões a estação passou a ser administrada pela Rede de Viação Cearense (RVC) até a criação da RFFSA em 1957.
Uma das histórias marcantes da estação e do município de São João do Rio do Peixe foi o ataque do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião e seu bando em 14 de maio de 1927, causando pânico na comunidade com ataques a estação e nas redondezas.
Este ataque ao município de São João do Rio do Peixe e região antecedeu o grande combate travado entre a população de Mossoró e os cangaceiros que tentaram invadir esta cidade potiguar no dia 13 de junho de 1927, resultando em uma grande derrota ao grupo de Lampião, sendo mortos os cangaceiros Colchete e Jararaca
Brejo das Freiras ainda é muito conhecido também pela suas águas termais. Está localizada a 9 km da sede municipal. A Estância Termal Brejo das Freiras é considerada como balneário de importância significativa, recebendo visitas os ano inteiro.
De acordo com a história do local e sua importância transcrevo aqui parte da postagem de Antonio Nogueira da Nóbrega do blog umolharsobresaojoao.blogspot.com na seguinte maneira:
"No ano de 1921, na gestão de Epitácio Pessoa, então presidente da República, era iniciada a construção do açude de Pilões, com o sangradouro na cota de 268 metros, o que faria submergir inteiramente o local das fontes termais, inutilizando-as para sempre. Para salvá-las, reduziu-se a capacidade de água armazenada - de 350 milhões de metros cúbicos para l3 milhões. Na época, o governador do Estado era Sólon de Lucena.       
            Em 1932, o governo de Antenor Navarro, entusiasmado com a importância das termas, desapropriou as terras das freiras, através do Decreto 278, de 22 de abril do mesmo ano, considerando-as de utilidade pública. Até os dias de hoje, a Estância Termal de Brejo das Freiras pertence ao Estado, mas poderá mudar de dono, pois o governo deseja privatizar toda a sua rede hoteleira.
            Desapropriadas as terras, o arquiteto Nestor Figueiredo estudou um plano urbanístico, e o Interventor do Estado abriu crédito para a execução de seu programa. Mas, com a morte de Antenor Navarro, ocorrida a 26 de abril de 1932, a ideia foi abandonada.
Em 1933, Gratuliano de Brito, então Interventor do Estado, interessado pela criação da Estância Termal, autorizou a realização de estudos complementares, ficando confirmado que as águas termais tinham origem filoniana e subiam até  à superfície através de uma profunda fratura geológica, constituindo manifestações de antigas atividades vulcânicas.
            A convite de Gratuliano de Brito, Getúlio Vargas, o então presidente da República, e o ministro José Américo de Almeida visitaram o local, fazendo o lançamento da pedra fundamental da cidade termal. Isso ocorreu, provavelmente, no dia 14 setembro de 1933, quando da visita que o presidente fizera a Pilões,  a fim de inaugurar o açude público daquela localidade.
             A construção do hotel e balneário foi realizada no espaço de seis meses, dando-se a sua inauguração no dia  27 de maio 1944, num sábado, às 16h, tendo sido animada pela orquestra “Jazz Tabajara”. O ato inaugural, que foi presidido pelo Interventor Ruy Carneiro, contou com a presença de autoridades de todo o país, inclusive do prefeito de São João do Rio do Peixe, o Sr. .Gerôncio Nóbrega. No entanto, a situação econômica do Estado não permitiu que o primeiro plano fosse executado integralmente.
Antes da construção do atual hotel e balneários, o que havia no local, era apenas um tanque rudimentar, escavado no chão, com três metros cúbicos de volume, amparado por uma paliçada de madeira, com coberta de telha. Nesse tanque, sem higiene e sem conforto, banhavam-se as pessoas que recorriam aos efeitos miraculosos dessas águas. "  
Voltando a história da estação, lamentavelmente foi fechada por ordem do Governo Federal em 25 de janeiro de 1965, consequentemente sendo demolida, ato abominável, sem respeito a memória cultural e história local. Restando apenas a velha plataforma, como um retrato de que ali um dia parava trens ligando os dois estados.

Fonte: http://umolharsobresaojoao.blogspot.com


Local onde existia a estação de Brejo das Freiras, existindo apenas a plataforma. Fonte: Google Street View. 

Local onde existia a estação de Brejo das Freiras, existindo apenas a plataforma. Fonte: Google Street View. 

Local onde existia a estação de Brejo das Freiras, existindo apenas a plataforma. Fonte: Google Street View 

Não é a estação de Brejo das Freiras, mas era similar a esta de Espinharas (Passagem)