quinta-feira, 19 de julho de 2018

A Curva da "Maria Cabocla" e Seu Passado Trágico

Olá amigos da HFPB. Nesta postagem trago imagens recentes da "famosa" Curva da "Maria Cabocla", localizada a cerca de 2 km da estação de Galante, município de Campina Grande.
Poderia ser apenas mais uma curva em tantas espalhadas pelos mal tratados trilhos em nosso estado, porém sua história não é nada gloriosa, mas sim trágica.
Construída como parte integrante do prolongamento férreo entre Itabaiana - Campina Grande, inaugurada em 02 de outubro de 1907.
Em viagem no dia 01 de julho último pela tradicional "Locomotiva do Forró" , passeio turístico realizado anualmente entre as estações velha de Campina Grande (atual Museu do Algodão) e a estação de Galante no período junino, me deparei com esta famosa curva e toda a história que a envolve. 
A história nos conta de um terrível acidente ocorrido no dia 13 de janeiro de 1970 em que uma composição de passageiros da PN-2 máquina de número 819 ALCO RSD - 8 diesel elétrica da RFN, que saíra da estação de Campina Grande as 13:05 h com destino a Recife, ao passar pelo KM-61, faltando apenas 2 km da estação de Galante. As 13:36 h, o maquinista José de Melo sentiu que a máquina "sacolejava" bastante diminuindo a marcha. Quando passou pela curva da "Maria Cabocla" o inevitável aconteceu, a composição composta por sete vagões, sendo seis deles de passageiros e um de carga o trem passou por um "repuxo" - trilhos fora de bitola e a locomotiva tombou perigosamente, porém, seguiu viagem. Porém, o quarto vagão não conseguiu manter o equilíbrio vindo a descarrilhar puxando os demais vagões para um barranco com mais de 10 metros de altura, causando o saldo trágico de 17 mortes e cerca de 148 feridos.
Socorros vieram de toda as partes, tanto ambulâncias e carros populares procedentes de Campina Grande, quanto populares do próprio Distrito de Galante, auxiliaram no resgate dos sobreviventes.
Segundo relatos de um morador do Distrito, os corpos das vítimas ficaram "amontoados" na gare da estação esperando serem transportados e identificados. Muitos destes tiveram mortes horríveis.
Muitos afirmam que o maquinista estava acima da velocidade permitida, porém o mesmo nega, segundo depoimento a revista Veja na época: "Na curva senti um sopapo, como os trilhos estivessem afundando..."
Engenheiros da RFN, chegaram a cogitar três hipóteses para o acidente: erro de operação ou aplicação do freio; defeito mecânico; ou excesso de velocidade.
Um diretor da RFN, Gilvani Pessoa Pires, descartou a época as duas primeiras hipóteses a Revista Veja: “A linha tem pedramento recente e todas as locomotivas da Rede funcionam em condições técnicas perfeitas”.
Novamente, a culpabilidade do acidente recaia sobre o maquinista José Melo, que deu sua versão do acidente a mesma revista: “Saí de Campina Grande às 13:05 h, para chegar a Galante às 13:40 h. O desastre foi às 13:36 h, exatamente a cinco minutos de Galante. O trem fazia 35 quilômetros por hora”.
Após esse desastre, a imprensa paraibana começou uma série de reportagens contra os serviços prestados pela Rede Ferroviária do Nordeste, afirmando que o outrora glorioso serviço, que tanto impulsionou o desenvolvimento campinense e paraibano, estava superado e acima de tudo, tornara-se muito perigoso. 
Quanto ao acidente, nunca foi explicado o que realmente ocorreu. Trata-se sem sombra de dúvidas do pior desastre ferroviário da história da Paraíba.
No local do acidente foi construída uma pequena capela em homenagem as vítimas com o nome de Nossa Senhora das Dores
A lembrança da tragédia ainda está bastante viva na memória da população tanto de Galante quanto de Campina Grande, como uma das maiores tragédias ocorridas em sua história.

Fontes: Diário de Pernambuco de 14-01-1970 e 17-02-1970. 

A Curva da "Maria Cabocla", a esquerda a capela construída em homenagem as vítimas, Nossa Senhora das Dores. Foto tirada a bordo da "Locomotiva do Forró" dia 01/07/2018.

A Curva da "Maria Cabocla", a esquerda a capela construída em homenagem as vítimas, Nossa Senhora das Dores. Foto tirada a bordo da "Locomotiva do Forró" dia 01/07/2018.

A Curva da "Maria Cabocla", ao fundo a capela construída em homenagem as vítimas, Nossa Senhora das Dores. A composição tombou a esquerda da curva. Foto tirada a bordo da "Locomotiva do Forró" dia 01/07/2018.

A Curva da "Maria Cabocla". Foto tirada a bordo da "Locomotiva do Forró" dia 01/07/2018.

Curva "Maria Cabocla" sentido Campina Grande - GalanteFoto tirada a bordo da "Locomotiva do Forró" dia 01/07/2018.

 
Aspecto da tragédia. Diário de Pernambuco - 14/01/1970.

Foto extraída do blog: http://cgretalhos.blogspot.com da tragédia da "Maria Cabocla".

Dois dos passageiros vítimas do sinistro. Um morto e outro ferido. Diário de Pernambuco - 14-01-1970.

Locomotiva Diesel Elétrica ALCO RSD-8 do mesmo modelo da número 819 da tragédia de 13/01/1970. 

3 comentários:

  1. Acredito que o acidente tenha acontecido devido ao excesso de velocidade, pois esse mesmo maquinista passou na cidade de Ingá no dia anterior a tragédia com destino a Campina Grande numa velocidade nunca visto antes em um trem de passageiros naquele local, e coincidentemente no dia seguinte voltando de Campina Grande o mesmo trem se envolveu nessa tragédia, eu estava na estação de Ingá e vi que a volocidade na ida estava exagerada, e na volta a aconteceu a tragédia.lamentável

    ResponderExcluir
  2. Eu vi essa tragédia, morava em galante, foi no ano que casei.. muito triste, várias pessoas mortas, minha irmã vinha nesse trem, graças a Deus sobreviveu.. meu esposo ia pegar esse trem mas não veio nele, pois perdeu , Deus sabe todas as coisas.

    ResponderExcluir
  3. Em memória das vítimas, que se publique a lista de mortos. Falar de defeito de uma máquina e não citar as vítimas é humanizar as coisas e coisificar as pessoas.

    ResponderExcluir