quinta-feira, 1 de agosto de 2019

100 Anos da Companhia Parahybana de Beneficiamento e Prensagem de Algodão (CPBPA) - Relação Com a Ferrovia Paraibana

Olá amigos do HFPB. Hoje, dia 1 de agosto de 2019 é uma data histórica para a indústria campinense e paraibana. Nesse exato dia há 100 anos atrás foi fundada pelo Engenheiro Dr. José Heronides de Hollanda Costa a Companhia Parahybana de Beneficiamento e Prensagem de Algodão (CPBPA)
Companhia esta, formada com um capital nacional de Rs (réis). 800:000$000, tendo como incorporadores, além do Dr. Heronides, os senhores Dr. Eduardo Perisot Octavio Penna e Fernando Gomes Pedrosa, este chefe da firma S.A. Wharton Pedrosa de Natal - RN.
A companhia tinha como objetivo o estabelecimento de usinas de beneficiamento do algodão, nosso famoso e conhecido "Ouro Branco", e aproveitamento dos sub-produtos do carôço do mesmo, em municípios como Campina Grande, Alagoa Grande, Itabaiana, Parahyba (João Pessoa), entre outros. Campina Grande na época exportava mais de 150 mil sacos de algodão anualmente.
Então, qual a relação desta companhia beneficiadora com a ferrovia paraibana. Sim, elas tinham relações de cooperações mútuas. Quando a usina da CPBPA foi  instalada na cidade entre 1920 e 1921, esta foi montada nas proximidades da estação ferroviária, na confluência da Rua da República (A partir de 1938 Rua Miguel Couto) com a Avenida Almeida Barreto. No caso da usina campinense, a GWBR em parceria com o grupo empresarial da companhia algodoeira construiu um desvio até o complexo industrial da mesma, logo após o armazém da estação, "cortava" a Avenida Almeida Barreto e adentrava no referido parque industrial. Quase que diariamente composições levavam os fardos prensados em direção aos portos de Cabedelo, Recife e Natal e daí para diversas partes do país e mundo. A área ocupada pelo complexo industrial era de 15 mil metros quadrados.
Realmente era uma usina formidável, dispunha de uma prensa hidráulica horizontal do fabricante inglês David Bridgé da marca Chester construída pela Hydraulic Engineering Co. Ltd., na Inglaterra. Tinha a capacidade de produzir 250 fardos de 195 quilos por dia, ou seja, o beneficiamento diário de 750 sacas de 65 quilos diários e com densidade de 56 libras por pé cubico.. Além da prensa hidráulica, a usina dispunha de aparelhamento "Sistema Munger" (inventado por Robert S. Munger no final do século XIX) para descaroçar algodão, num total de 240 serras e com capacidade para descaroçar diariamente 18.000 quilos de algodão em caroço, sendo estas levadas para as descaroçadeiras por tubos de sucção. 
A força motriz para a prensa e descaroçadeiras era realizada por um motor diesel de 150 HP que acionava também um dínamo para a iluminação de prensa e demais dependências. 
Além disso, a companhia também dispunha de uma bela residência para o gerente local, localizada ao lado da mesma, mas que infelizmente desapareceu década atrás. 
Resumindo, foi uma das mais importantes companhias do ramo instaladas em todo o Estado, contribuindo com o elevadíssimo tráfego ferroviário de trens de carga em Campina Grande.
Em 1936 a companhia foi adquirida pela multinacional norte-americana Anderson Clayton & Cia. Passando a se chamar Companhia Paraibana de Amarzéns Gerais. No ano seguinte ocorreu uma grande reforma no complexo com a ampliação de vários setores.
Porém, os tempos de glórias cessaram, a partir do final da década de 1950 a linha férrea que adentrava seu parque industrial foi sendo retirada. Infelizmente nada mais resta no local que evidencie que no passado os trilhos adentravam por ali. As atividades industriais encerraram definitivamente por volta de 1965. Todo o complexo industrial foi utilizado por diferentes ramos a partir de então. Grande parte do complexo foi preservado, constatando as diferentes tipologias arquitetônicas construídas desde a década de 1920 até a década de 1950.
Deixo aqui esta singela homenagem nesta importante data, a uma das maiores industrias algodoeiras da Paraíba, reconhecida em todo o Nordeste. Ajudando e muito na elevação de Campina Grande em "Rainha da Borborema".

Fontes: Annuario de Campina Grande para 1926. Org. João Mendes. Jornal do Commercio, Recife, 1925. 
Diário de Pernambuco - 11-06-1921
Sob o Céu Nordestino. Walfredo Rodriguez, 1929 - Vídeo do Youtube
IBGE - 1957
Arquivo Histórico da Secretaria Municipal de Educação de Campina Grande, SECULT.

Imagem rara da Companhia Parahybana em 1923 (aproximadamente). Fonte: Sob o Céu Nordestino. 

Sequencia em outro ângulo da Companhia Parahybana. Fonte: Sob o Céu Nordestino. 

 
Lateral da Companhia Parahybana em 1923 (aproximadamente). Com os fardos amontoados em torno da usina. Fonte: Sob o Céu Nordestino. 

A Usina e seus armazéns as margens do Açude Velho na década de 1920.

Um dos armazéns da usina em meados da década de 1930.

Companhia Paraibana já incorporada a Anderson Clayton & Cia em 1938 já reformada ampliada. Ao lado direito a bela residência do gerente local. Nesta 

Companhia Paraibana em 1957. Fonte: IBGE.

Propaganda da CPBPA extraída do jornal  campinense A Imprensa de 28 de novembro de 1928.

Propaganda da CPBPA extraída do jornal  campinense Brasil Novo de julho de 1931.

Foto aérea do início da década de 1980 mostrando o complexo da antiga CPBPA. A seta indica exatamente o local aonde adentravam as locomotivas e seus vagões para a exportação dos fardos prensados. Fonte: Arquivo Histórico da SECULT.

A seta indica possivelmente parte da antiga plataforma de embarque dos fardos para os vagões a serem exportados. Fonte: Arquivo Histórico da SECULT.

O prédio da antiga usina 100 anos depois.

O prédio da antiga usina 100 anos depois.

Antigos armazéns da complexo industrial. Atualmente ocupados por outros setores.

O prédio da antiga usina 100 anos depois. 

Foi exatamente neste lugar aonde as locomotivas eram carregadas com fardos para a exportação. Na época não existiam estes dois prédios, apenas um portão e muros dividiam com a Avenida Almeida Barreto.

2 comentários:

  1. Que trabalho de pesquisa cultural e educativa fantástica. Parabéns por mostrar aos campinenses a importância deste patrimônio histórico que deveria ser tombado e transformado em atrativo turístico de Campina Grande.

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  2. Jônatas venho para parabenizar-lhe sobre tão importante blog, retratando a história da rede ferroviária. tenho lido muitas informações sobre a rede ferroviária, principalmente relacionada a cond"eu,

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