terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Início de Tudo

Olá amigos do Estações Ferroviárias da Paraíba, é com enorme prazer que inicio neste dia 15 de setembro de 2009 nossa primeira publicação. Nosso blog é o ÚNICO totalmente voltado a história deste transporte que marcou época em terras tabajarianas. Desejo a todos que realmente possam "viajar" nos mais diversos assuntos. 
Para começar trago um pequeno resumo de como tudo se iniciou ainda nos tempos do Império. Confira:

A primeira concessão

A princesa Isabel, em 15 de dezembro de 1871, assinou o Decreto nº 4.838, concedendo aos conselheiros Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, deputado geral Anísio Salatiel Carneiro da Cunha e André Rebouças, o privilégio de construir e explorar a The Conde D'Eu Railway Company limited, ligando a sede da Província à vila de Alagoa Grande, com ramais para as de Ingá e Independência (antigo nome da cidade de Guarabira). Essa concessão não vingou. Em 1880, foi iniciada a construção da estrada de ferro.
O historiador Horácio Almeida registra que “o progresso entrou na Paraíba pela linha de ferro. Por onde apitava o trem uma emoção nova nascia: a do progresso econômico, mas foi coisa de pouca monta, porque a área beneficiada era demasiado exígua”. 
Em 1881, foi inaugurado um trecho de 30 km ligando Parahyba do Norte (desde 1930 João Pessoa) à localidade Entroncamento (Paula Cavalcanti) no município de Cruz do Espírito Santo

A república e a GWBR

Aonde o trem chegava, a vida mudava. De Entroncamento, a estrada se bifurcava para o norte, chegando até Camarazal (Mulungu), em 7 de Setembro de 1883, e em 5 de Julho de 1884, à Independência, de onde prosseguiu para Nova Cruz, no Rio Grande do Norte, em 1 de Janeiro de 1904, e daí, até Natal. Ao sul, parou na estação de Pilar, em 28 de Dezembro de 1883.
Houve maior demora em fazer a ligação da capital ao porto do Cabedelo, numa extensão de apenas 18 km, realizada em 25 de Março de 1889. Proclamada a República, os trabalhos pararam. O único trecho construído em onze anos do regime republicano foi o de Camarazal a Alagoa Grande, inaugurado em 1 de Julho de 1901, numa extensão aproximada de 25 km.
Em julho de 1901, o Governo Federal arrendou a ferrovia à empresa inglesa GWBR (Great Western of Brazil Railway), que construiu um ramal de Pilar a Timbaúba em Pernambuco, passando por Itabaiana, com sua estação inaugurada em 5 de Janeiro de 1901. Completou o trecho de Guarabira a Nova Cruz, no Rio Grande do Norte em 1 de janeiro de 1904. 
Em 2 de Outubro de 1907, o trem chegou a Campina Grande, vindo de Itabaiana. Sendo conhecido a partir de então como Ramal Itabayana - Campina Grande.
A inauguração da estação de Campina Grande impulsionou a cidade ao progresso e ao desenvolvimento, alcançando o status de “maior cidade do interior do estado” e posteriormente do interior do Norte – Nordeste.
A estrada de ferro onde fazia ponta dava vida ao lugar. Se passava adiante, levava consigo o progresso. Itabaiana cresceu quando o trem ali chegou. Estacionou, senão decresceu, quando os trilhos se prolongaram até Campina Grande. Os lugares que ficavam marginalizados, ao longo da estrada, sem vias de acesso, como Mamanguape e Areia, caíram estagnados.

Os ramais do Brejo e do Sertão

Na década de dez e vinte foram realizados o prolongamento do ramal do Brejo, inicialmente a estrada de ferro iria de Guarabira até Picuí no Seridó paraibano, era a "Estrada de Ferro Independência - Picuhy", mas as obras foram suspensas e o ramal chegou até Bananeiras. Isto depois de muito esforço, principalmente por parte do Governador do estado na época o Sr. Solon de Lucena que era de Bananeiras. O governado disse na época que “o trem chegaria a Bananeiras nem que fosse por baixo da terra”. Devido à construção do Túnel da Serra da Viração que foi de 1921 a 1923. De fato a estação de Bananeiras foi construída antes da conclusão deste túnel, e inaugurada oficialmente em 30 de Julho de 1925 (apesar de estar pronto alguns anos antes). Foram quinze anos em um trecho de apenas 35 Km para chegar a Bananeiras, que infelizmente não prosseguiu em direção a Picuí como era o projeto original.
No Sertão do estado foi aberta também na década de vinte o ramal da Paraíba, que saia do Ceará. O ramal da Paraíba foi aberto ao tráfego entre 1923 e 1926, partindo da estação de Arrojado no Ceará, na linha da antiga E. F. Baturité, construída em 1922 especialmente para dar partida para os trens do ramal. Entrava pela Paraíba em Santa Helena, onde foi construído o acampamento dos trabalhadores, seguia em destino a São João do Rio do Peixe e Cajazeiras, cujo o ramal entre estas últimas localidades foi inaugurado no dia 5 de agosto de 1923. Este ficou encarregado pelo antigo IFOCS (Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas), posteriormente mudado para o atual DNOCS
O ramal Ceará - Parahyba prosseguiu até a cidade de Sousa, cuja estação foi inaugurada oficialmente em 13 de Maio de 1926 pela RVC (Rede de Viação Cearense), que gerenciava a malha. Em Sousa, a partir de 1951, encontrou-se também a Estrada de Ferro Mossoró-Souza, unindo enfim os sertões potiguar, paraibano e cearense, concretizando um sonho de décadas. 
O ramal da Paraíba ainda foi prolongado até Pombal, inaugurada em 25 de outubro de 1932 e  Patos em 19 de abril de 1944.
Em 8 de fevereiro de 1958, um antigo sonho foi concretizado. Enfim, foi concluída entre Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, através da inauguração do trecho  Campina Grande - Patos

O Progresso

As locomotivas movidas a vapor na época (até a década de 1960) queimavam lenha, isso ocasionou o desaparecimento contínuo da matas na Paraíba. Tanto as locomotivas soltavam fumaça como fagulhas. Não raras vezes os passageiros chagavam ao fim da viagem com a roupa esburacada pelas chispas desprendidas da chaminé. Mas ninguém reclamava porque o “apitar” do trem dava a sensação de progresso no velho e abandonado Nordeste.

Antiga Estação Conde D'Eu na Capital Paraibana em 1908. Esta foi o ponto de partida da primeira viagem ferroviária no estado da Paraíba em 1881, de "Parahyba a Entroncamento".

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