quarta-feira, 2 de outubro de 2024

PARABÉNS ! - 117 Anos de Inauguração da Estação de Campina Grande

Olá amigos do HFPB. Hoje, 2 de outubro de 2024, é uma data comemorativa. Data esta muito especial para a história ferroviária paraibana e em especial, para a história campinense. Há exatos 117 anos, era inaugurada de forma oficial, o prolongamento de Itabaiana Campina Grande, consequentemente de sua estação. Percurso de 90 quilômetros, passando pelos atuais municípios de ItabaianaMogeiroIngá Campina Grande. Realmente, aquele 2 de outubro de 1907 foi um dia de grandes comemorações dada a importância trabalho realizado.
O Destino de todo o trabalho empregado na construção, Campina Grande, cidade pujante com comércio relevante naquele princípio de século XX. 
Como já publicada em anos anteriores, a história desta importante obra, foi esmiuçada e muitas publicações, por isso não deverei aqui repetir com detalhes sobre o 2 de outubro de 1907. Deixo aqui minhas singelas homenagens a esta importante data na história da ferrovia paraibana assim como para toda a Campina Grande. PARABÉNS !

   

terça-feira, 4 de junho de 2024

4 de Junho de 2024 - 140 de Inauguração da Estação de Guarabira

Olá amigos do HFPB. Hoje, 4 de junho de 2024, uma data especial. Há exatos 140 anos, ou seja, no dia 4 de junho de 1884, era inaugurada a estação da importante cidade de Guarabira, na época conhecida como "Independência". 
Esta estação, era a conclusão do plano de expansão da empresa britânica "The Conde D'Eu Railway Company Limited", ou simplesmente Estrada de Ferro Conde D'Eu, detentora dos direitos de implantação e exploração ferroviária na então Província de Parahyba do Norte, a partir da década de 1870.  
Guarabira, seria o ponto mais distante, em relação a Capital paraibana, em que a  referida companhia implantou, não tendo interesse de prolongar os trilhos além deste ponto. Justamente, acompanhando as regiões produtoras de cana-de-açucar, ao longo do vale do Rio Paraíba e do Rio Mamanguape. Na época, era conhecido como "Ramal de Independência". De acordo com o excelente trabalho de Mestrado de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo na UFBA (Universidade Federal da Bahia) de Maria Simone Morais Soares, intitulado "Território e cidade nos trilhos da Estrada de Ferro Conde D’Eu - Província da Parahyba do Norte (1871-1901)", traz as seguintes informações, transcritas do Relatório do Governo Federal de Viação e Obras Públicas de 1892:

"...terrenos mais ou menos accidentados, e atravessando diversas vertentes” até atingir o ponto terminal na vila que dava o nome ao trecho. A vila de Independência era considerada “o empório do sertão, recebendo os productos do norte da serra de Borborema, que outrora buscavam o porto de Mamanguape.”. 

Ao todo, seriam construídos 22 quilômetros entre Mulungu e Guarabira, distância relativamente curta. Continuando:

"Assim como o trecho de Mulungu a Cobé, o Ramal de Independência atravessava terrenos de tabuleiros, passando por cotas mais elevadas do relevo, entre 68m a 170m de altitude. Além disso, cruzava vertentes de grandes rios, como o Mamanguape e o Cuitegi. As obras d'arte construídas foram seis pontes, um pontilhão e 96 boeiros, além de duas estações, a de Cachoeira e de Independência."

Os jornais da época, noticiaram com entusiasmo a inauguração do trecho correspondente, dentre os jornais da época, podemos destacar "O Liberal Parahybano" de 14 de junho de 1884, que traz a seguinte matéria, de acordo com a grafia da epoca:

"A 4 do corrente foi aberto com a solenidade do estylo o trafego da via-ferrea Conde d’Eu de Mulungu á Independencia.
Ás 11 horas da manhã d’aquele dia partiu o trem da estação d’esta cidade, levando S. Exc. O Sr. presidente da província, os Srs. engenheiros da empreza e os do governo, várias pessoas gradas e algumas famílias. 
Depois das quatro da tarde chegou o trem á estação final da Independencia, onde foi recebido pela respectiva população com vivas demonstrações de enthusiasmo. 
As 6 ½ da tarde começou o jantar, cujo serviço correu profuso e delicado. 
N’esta ocasião levantaram-se vários brindes, o ultimo dos quaes S. Exc. Presidente da província dirigio á S. M. o Imperador, não só disse S. Exc., como o primeiro magistrado do paiz, como também por ser um optimo cidadão, cujo patriotismo mil vezes manifestado ninguém hoje contesta. 
Em seguida ao jantar tiveram lugar dois espetáculos, um dramático do Sr.Penante, e outro equestre e acrobático por outra empreza que há dias se achava na Independencia. 
Também no edifício da municipalidade houve um baile que prolongou-se até hora avançada da noite. 
Diversas pessoas residentes no lugar esmeram-se na hospedagem que deram aos ilustres visitantes. 
Os Drs. Juiz de direito, juiz municipal, promotos publico da comarca, nossos ilustres amigos, Drs. Amaro Beltrão e Banevindes, capitão Trigueiro e suas Ex. famílias e outros distinctos cavalheiros penhoraram a todos pelo bom tratamento, excelente hospedagem e delicada atenção que souberam dispensar. 
No dia 5 às 8 da manhã partia o trem com destino á estação central, estando todos saudosos e agradecidos aos distictos cavalheiros e distinctas senhoras, residentes n’aquela comarca. A linha férrea acaba portanto de aproximar-nos de mais um centro de produção e trabalho. Felicitemos por nossa vez todos os que concorreram para esse grande melhoramento."     

Estava, enfim, inaugurada a estação de Independência, posteriormente Guarabira. No dia seguinte, 5 de junho, alguns contratempos ocorreram durante a viagem de regresso para a Capital "Parahyba", porém sem maiores consequências, como noticiou o jornal "Diário da Parahyba" de 7 de junho de 1884:

"No dia 5, às 8 horas da manha regressou o trem,  que aqui chegou ás 2 horas da tarde. 
Nas proximidades da estação de Araçá, a machina deu o prego, isto é, não poude transpor um elevado corte, que fica um ou dous kilometros aquem da mesma estação; pelo que foi necessario desengatilhar alguns wagons, que a machina voltou a conduzir quando chegou a Araçá."

Além desse incidente, a The Conde D'Eu Railway Company também estava sendo acusada de inaugurar o trecho antes da conclusão de toda a construção, para evitar uma multa por não cumprimento do prazo. 
Não menciona, em nenhuma das reportagens acima, na época, o nome e a procedência da locomotiva inaugural, daquele histórico 4 de junho. As locomotivas até 1884 operadas pela companhia era 9 no total, construídas pela Robert Stephenson & Co (número de 1 a 4) e pela Black, Hawthorn & Co. (números 5 a 9), de procedências inglesas. 
A partir de 1902, já sob a concessão da Great Western of Brazil Railway (GWBR), iniciou o prolongamento entre Guarabira e Nova Cruz no Rio Grande do Norte, sendo inaugurado no dia 1 de janeiro de 1904. Por um período de quase vinte anos, a estação de Guarabira foi ponta de trilho.  
Continuou operando ininterrompidamente, até a venda da RFFSA no final da década de 1990, o que fez o tráfego entre ambos os Estados diminuir drasticamente, porém, desde o final da década de 1970,  não tinha mais o "trem de passageiros", ficando apenas o ramal operando trens de cargas. 
Teve seu fim em 2000, quando o ultimo trem carregado de sal, trafegou pela gare da estação de Guarabira, para nunca mais voltar, sendo o transporte ferroviário desativado.   
Muitas cargas e pessoas trafegaram pela estação de Guarabira, era um ponto movimentadíssimo. Porém os tempos áureos das famosas "locomotivas a vapor" e depois os trens movidos a dieseis-elétricos, lamentavelmente tinham chegado ao fim.  Ficaram apenas as lembranças de um tempo que não volta mais. 
Depois de duas décadas de abandono, ou quase isto, a Prefeitura Municipal de Guarabira, neste ano de 2024, neste exato momento, está restaurando a referida estação, para, futuramente, alojar ali a Secretaria de Cultura, assim como a instalação do Museu do Algodão de Guarabira, sendo, que o local exportou por décadas este produto, movimentando amplamente a economia local. Na realidade, esta reinauguração deveria ter acontecido na data de hoje, porém, alguns percalços no caminho fizeram adiar a tão sonhada reinauguração, que está marcada, caso a restauração prossiga normalmente, para o mês de julho.  
Esperamos que as novas gerações possa conhecer um pouco da história riquíssima de quando o trem passou e ficou em Guarabira por mais de 100 anos, e que essa história seja passada de geração a geração, que nunca a chama da "fornalha" da história se apague. 
Este é meio maior sonho.
Parabéns Estação de Guarabira pelos seus 140 anos de existência.

Estação de Guarabira em sua configuração original

segunda-feira, 29 de abril de 2024

A Restauração da Estação de Guarabira é uma Realidade ?

Olá amigos do HFPB. Depois de um longo período de publicações, estou retornando para anunciar que depois de um longo período desde que foi desativada, no início do século XXI, a estação de Guarabira parece que será restaurada. 
Segundo o geógrafo guarabirense, Daniel da Silva Fernandes, incansável guardião e defensor da memória e história de seu torrão natal, a Prefeitura Municipal local, finalmente, restaurará a velha estação, em alusão aos seus 140 anos de inauguração, que ocorreu no dia 4 de junho de 1884. Será a primeira restauração em décadas. Segundo informações passadas pelo próprio Daniel, disse que a Prefeitura Municipal pretende revitalizar o espaço em torno da estação, construindo um parque. 
O prédio da estação será destinado a Secretaria de Cultura e também a implantação do Museu do Algodão, já que esta cultura foi de vital importância para o desenvolvimento local, sendo exportada através da ferrovia.
O antigo carro de passageiros (vagão) conseguido pela própria Prefeitura Municipal de Guarabira, através da CBTU anos atrás, e que infelizmente hoje totalmente vandalizado, assim como a estação, será também revitalizada, e o que consta, é que destinará a sediar uma biblioteca comunitária.
As obras de restauração da estação, tiveram início de forma massiva no dia 10 de abril e a pretensão é terminar as obras, pelo menos de restauração da estação antes do dia 4 de junho, como mencionado anteriormente, comemoração dos 140 anos de inauguração da estação, mesmo que esta configuração atual não seja a original do século XIX, inaugurada pela The Conde D'Eu Railway Company Limited
Lamentavelmente, o que Daniel constatou, e foi avisado pelo mesmo as autoridades locais, é o sistemático furto de peças de ferro fundido em torno da estação, a exemplo de uma belíssima balança, construída em 1904 a pedido da GWBR, pela histórica fábrica W & T Avery  Ltd., com sede em Birmingham, Reino Unido, fabricantes de balanças desde o século XVIII. Esta histórica peça estava montada diretamente no piso do depósito anexo da estação destinado a pesar fardos de algodão, entre outros. A parte superior da balança foi desmontada por vândalos com o intuito de vender as peças de ferro fundido para o consumo de entorpecentes. Não restando praticamente quase nada da antiga balança, lamentável. 
Fico extremamente contente com este projeto, ficando na torcida para que realmente seja concluída toda as obras previstas, mesmo que a grande parte da histórica balança tenha se perdido pra sempre, a história da ferrovia paraibana merece ser respeitada e reconhecida. 

Imagem da estação de Guarabira no início de sua restauração. Foto: Daniel Fernandes, 29-04-2024

Estação antes do início da restauração. Foto: Daniel Fernandes, março 2024

Mais um aspecto da estação antes do início da restauração. Foto: Daniel Fernandes, março 2024

Tijolos, indicativo do início da restauração da estação. Foto: Daniel Fernandes, março 2024

Aspecto do interior da estação, extremamente deteriorado. Foto: Daniel Fernandes, março 2024 

Local da antiga balança da W. & T. Avery Ltd, inglesa de 1904. Restando pouco da referida balança. Foto: Daniel Fernandes, março 2024

Parte do início das obras de restauro da estação nesta parede externa. Foto: Daniel Fernandes, março 2024

Algumas parte, como a antiga bilheteria, com partes rebocadas, dando o início da restauração. Foto: Daniel Fernandes, março 2024 

A histórica balança W. & T. Avery de 1904, ainda intacta. Foto: Daniel Fernandes, 2015

Evolução do sistemático roubo das peças de ferro fundido da histórica balança W. & T. Avery, ao longo dos últimos 9 anos. Foto: Daniel Fernandes 

sábado, 25 de novembro de 2023

25 de Novembro de 2023 - 100 Anos da Travessia do Primeiro Trem no Túnel da Serra da Viração em Bananeiras

Olá amigos do HFPB. Hoje, 25 de novembro de 2023, mais uma data comemorativa no antigo Ramal de Bananeiras, originalmente conhecido como "Estrada de Ferro Independencia - Picuhy". A data comemorativa em questão é nada mais nada menos que os 100 anos de travessia da primeira locomotiva no Túnel da Serra da Viração, ou também como era conhecido, Túnel da Garganta da Viração em Bananeiras.
Depois de certas dificuldades na construção do túnel, e "coloque dificuldades nisso", naquele 23 de novembro de 1923, a população bananeirense, enfim, respirou aliviada com o apito estridente atravessando aqueles 200 metros de túnel escavados na rocha e chegando triunfante na gare da estação recém concluída. Mas a tarefa não foi nada fácil, como mencionei anteriormente. 
Esta com absoluta certeza foi uma das obras de engenharia na época com maior destaque e complexidade em todo o Estado da Paraíba. Foi um desafio colossal que resultou na perda de inúmeras vidas durante as escavações do referido túnel.
Em postagens passadas, já contei um pouco dessa odisseia em solo brejeiro, vou me ater somente ao dia histórico em que o imenso esforço empregado foi convertido em vitória épica, digna das obras de Heródoto.  
Em matéria do jornal 'A União' de 28 de novembro de 1923, traz da seguinte maneira (de acordo com a grafia da época):

"Chegou a primeira locomotiva à estação de Bananeiras

O sr. presidente Solon de Lucena recebeu hontem com satisfação a noticia de haver chegado à estação de Bananeiras, a primeira locomotiva, que poude atravessar o tunel depois de sua conclusão.
É uma nova devesas alviçareira, que por certo marcará uma phase de mais rápido progresso da florescente cidade, á cuja probidosa administração municipal deve tantos serviços de utilidade publica.
O prolongamento da estrada de ferro até Bananeiras emprehendido pelo govêrno do exmo. sr. dr. Epitacio Pessoa, era uma das mais palpitantes aspirações de seus filhos, notadamente do sr. dr. Solon de Lucena, que empenhou mesmo o seu prestigio junto à administração transrots da Republica, para que estes desejos se tornassem em realidade.
A população de Bananeiras está assim de parabéns por esse conseguido melhoramento, cujos resultados redundarão também em benefício da economia geral do Estado."

E assim foi feito. Após a insistência do então Presidente do Estado, o Dr. Solon de Lucena, mesmo com a paralização de todas as obras correspondentes em relação do novo Governo Federal, Arthur Bernardes, para o IFOCS, Solon de Lucena entendeu-se com o Presidente Arthur Bernardes para que esta obra de tal importância prosseguisse não sofresse com uma paralização que arruinaria por completo os planos do "Trem chegar a Bananeiras nem que fosse por debaixo da terra", como diria anteriormente. Este apelo surtiu efeito, já que as obras seguiram normalmente, com a perfuratriz não sendo paralisada, até que em julho de 1923, o túnel fosse completamente perfurado, enchendo de animo tanto o então Presidente Estadual, quanto toda a população bananeirense que aguardava ansiosa por este dia.
Infelizmente não tenho informações de que tipo e marca de locomotiva foi empregada para tal serviço, apenas menciona que foi uma locomotiva de lastro.
Como todos nós sabemos, os trilhos, que deveriam seguir caminho até o Curimataú e Seridó paraibano, em direção a Picuí, não avançaram, até que em 1967, o Ramal de Bananeiras, fosse encerrado suas atividades e os trilhos, dormentes, fossem retirados, deixando uma lacuna por toda a população das localizadas pelo "cinturão de ferro" no brejo paraibano.
Por isso que deixo aqui minhas singelas homenagens a todos que participaram direta e indiretamente naquela colossal obra de engenharia, a escavação do Túnel da Serra da Viração

Construção do Túnel da Serra da Viração, ou Garganta da Viração. Fonte: Illustração Brazileira, setembro de 1922

Construção do Túnel da Serra da Viração, ou Garganta da Viração. Fonte: Illustração Brazileira, setembro de 1922

Túnel em processo de conclusão. Fonte: A Parahyba e Seus Problemas, José Américo de Almeida, 1923

Estação de Bananeiras em construção. Fonte: Illustração Brazileira, setembro de 1922 

Estação de Bananeiras em fase de conclusão pouco antes de receber o primeiro trem em novembro de 1923. Fonte: Filme Sob o Céu Nordestino, 1929

Estação e armazém de Bananeiras em fase de conclusão pouco antes de receber o primeiro trem em novembro de 1923. Fonte: Filme Sob o Céu Nordestino, 1929