sábado, 21 de novembro de 2020

A Locomotiva Baldwin 501 do Museu do Algodão em Campina Grande

Olá amigos do HFPB. Hoje, trago até vocês um pouco da história da simpática locomotiva a vapor "Maria Fumaça", que está no pátio do Museu do Algodão em Campina Grande, desde meados da década de 1970.
Na antiga estação da GWBR (Great Western of Brazil Railway) em Campina Grande, hoje, Museu do Algodão, no qual guarda um precioso acervo histórico com alguns objetos ferroviários, utensílios domésticos e, sobretudo objetos e fotos do principal cultura que alavancou a economia campinense por décadas. Podemos encontrar no pátio do Museu um belo e preservado exemplar de uma “Maria Fumaça”, nome popular das conhecidas locomotivas a vapor.
Esta locomotiva é do tipo “Four-Wheeler”, ou seja, com composição de rodas 0-4-0ST (classificação Whyte). A classificação "ST" (Saddle Tank), ou simplesmente "Tanque Sela", devido a este envolver totalmente a caldeira, característica dessas máquinas, sem o auxilio de um vagão tender para o transporte d'água. 
Construída pela grande empresa “The Baldwin Locomotive Works” na cidade de Filadélfia, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos em abril de 1922, Classe 4-16-C, possui 5,40 metros de comprimento, diâmetros dos cilindros de 40 cm, peso total da locomotiva é de 17.900 kg, sua força de tração era de 3.500 kg. Sistema de distribuição do tipo walch. Seu prefixo é 501, com número de série 55359.
Esta locomotiva foi construída especialmente para trabalhos a serviço da Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas (segundo grafia da época) IFOCS, órgão atrelado ao Governo Federal, com o objetivo construir açudes no Alto Sertão paraibano, a exemplo dos açudes Pilões, São Gonçalo e Piranhas, no início da década de 1920. Foram adquiridas algumas locomotivas para esta empreitada.
Estas pequenas locomotivas eram destinadas ao transporte de lastro, e todo material empregado na construção de trechos ferroviários no Sertão, além de transportar o material na construção dos referidos reservatórios d'água.
Posteriormente com a conclusão dos referidos reservatórios d’água na década de 1920 todas as obras em andamento do IFOCS foram paralisadas por ordem do Governo Federal em 1923, no governo de Arthur Bernardes. Ás máquinas pertencentes ao órgão foram adquiridas pela RVC (Rede de Viação Cearense) que as utilizaram especialmente como locomotivas manobreiras.
Segundo alguns relatos colhidos, ela era conhecida carinhosamente de "Cafuringa".
Em meados da década de 1970, mais precisamente no governo municipal do então Prefeito Evaldo Cavalcanti Cruz, adquiriu este exemplar, já sem utilização no emprego de atividades ferroviárias, para compor o material de exposição do primeiro Museu do Algodão, este inaugurado em 1973. Desde então é uma das principais atrações aos visitantes que frequentam este espaço público.
Entre 2006/07, passou por uma recuperação externa, já que a mesma estava muito desgastada, onde fora trocada a cabina, recebeu nova pintura, placas, peças, novos domos, limpas trilhos (sem necessidade, já que as originais não tinham esta peça), entre outros. Também foi construído um abrigo em alvenaria para proteger a mesma das intempéries do tempo.
Esta reforma estética foi para a comemoração do centenário da chegada da ferrovia em Campina Grande, em 2007.
Trata-se do último exemplar ainda preservado deste tipo de locomotiva no Estado da Paraíba

FONTES: Inventário das locomotivas a vapor no Brasil: Memória Ferroviária. Regina Perez, Notícia & Cia., 2006.
Relatório do Governo Federal Ministério de Viação e Obras Publicas, 1922.

Aspecto da 501 no Museu do Algodão em Campina Grande. 

Aspecto da 501 no Museu do Algodão em Campina Grande. 


Originalmente a locomotiva não tinha limpa trilhos, nem dianteiro e traseiro, incorporados com a reforma de 2006/07.

Originalmente a locomotiva não tinha limpa trilhos, nem dianteiro e traseiro, incorporados com a reforma de 2006/07.