terça-feira, 31 de maio de 2022

O Chefe de Estação João Alves Correia

Olá amigos do HFPB. Hoje trago informações do saudoso Chefe de Estação João Alves Correia, que foram repassadas gentilmente pelo seu neto Sydney Corrêa.
O Sr. João Alves Correia (sim o “Correia” dele e da família é com "i", de meu pai para baixo, devido a problemas de documentação da época ficou “Corrêa” sem "i", segundo o próprio Sydney) nasceu em Campina Grande em julho de 1895. Ingressou na Great Western of Brazil Railway (GWBR), sendo promovido para Chefe de Estação em Ingá entre 1915 e 1917 (aproximadamente), Campina Grande entre 1917 e 1924 (aproximadamente) e Pedro Velho entre 1926 e 1927 (aproximadamente), no Estado vizinho do Rio Grande do Norte. Sydney me passou que entre 1924 e 1926, aproximadamente, o Sr. João Correia esteve como Chefe em outra estação, mas não obteve informações sobre qual foi esta localidade.
A função de um "Chefe de Estação", é da seguinte maneira: O Chefe de Estação é o responsável da estação e toda sua esplanada. É o coordenador do movimento dos comboios naquele setor e dos empregados da companhia na localidade estabelecida, e normalmente era alojado em uma residência construída para esta função, posta à sua disposição, ou na própria estação em anexo, uma espécie de "puxadinho".
Foi durante a chefia do Sr. João Correia, que ocorreu o grande incêndio no armazém de Campina Grande na madrugada de 11 para 12 de março de 1920, onde cerca de 3.380 sacas de algodão se perderam com as chamas, vindo a também destruir o referido armazém. Se não fosse os grandes esforços tomados pelo Chefe João em conter as chamas, as mesmas teriam chegado também a estação, onde também residia no andar superior, causando uma tragédia ainda maior sem precedentes. 
Por ter se desentendido (por razões ainda pouco conhecidas) com o supervisor da companhia na época e já ter na época estabilidade garantida por lei (a partir de 10 anos de serviço) o mesmo começou a transferi-lo para outras estações, afim de para forçá-lo a pedir demissão.
Casado com Laura Eulália Correia, tiveram três filhos, Orlando Alves Correia, Pedro Alves Correia e Ivonete Alves Correia.
O primogênito do Sr. João, Orlando, nasceu na estação de Pedro Velho em novembro de 1926, e logo depois, quando ia ser novamente transferido para outra estação, já aborrecido, não se apresentou na mesma, saindo então da Great Western em 1927. 
Depois de um tempo de ter saído da GWBR, e ficado sem emprego, seu pai, Honório Correia, arrumou emprego para ele no Escritório de Classificação do Algodão, na época entidade federal, onde permaneceu até por volta de 1938 aproximadamente, devido ao Governo de Argemiro de Figueiredo ter passado o escritório para a administração do Estado e reduzido os salários de seus funcionários, o que acarretou a saída do Sr. João Correa desse trabalho.
Outra informação interessante é que o irmão de meu avô, (meu tio-avô) Carlos Alves Correia, irmão mais novo, nascido em 1903, foi tentar a vida no Rio de Janeiro e entrou na Estrada de Ferro Leopoldina em 1933 onde lá ficou até aproximadamente 1958 ou 1959. Além de suas atribuições internas na ferrovia, era o responsável pelos periódicos (jornais internos) da companhia ferroviária. 
O Chefe João Alves Correia faleceu em agosto de 1951, deixando uma história de amor a família antes de tudo.
Agradeço desde já Sydney Corrêa pelas preciosíssimas informações da incrível história de seu avô. 

O inesquecível Chefe João Alves Correia em 1922. Foto: Sydney Correia

A estação de Campina Grande em 1922, há exatos 100 anos. Vendo a frente dela o Chefe João Alves Correia e outros funcionários da Great Western. Foto: Sydney Corrêa

quinta-feira, 5 de maio de 2022

A Ferrovia de Tambaú

Olá amigos do HFPB. Seguindo a série sobre o sistema de transporte urbano da capital João Pessoa. Iniciamos com o bonde de tração animas em duas partes, desta vez falaremos sobre a imemorial Ferrovia de Tambaú.
Quando o transporte de bonde a tração animal foi inaugurado em 6 de junho de 1896, o trecho contemplado estava apenas restrito a área central da capital, a área litorânea (praia) propriamente dita, estava a uma certa distância, sem maiores interesses em explorar aquela área para especialmente para veraneio. 
Para contornar este problema da distância, para que a população em geral pudessem desfrutar de tão belo atrativo, o Governo do então Presidente do Estado da Parahyba, o Sr. Álvaro Machado, em 1905, iniciou um projeto de implantação de uma ferrovia que ligasse o então Sítio da Cruz do Peixe até o lugar chamado Tambaú
Lugar aprazível, com belos coqueirais, e linda vista do Oceano Atlântico, reduto de antigos pescadores, e até então, pouco visitada pela população local. A toponímia Tambaú significa, no vocabulário tupi, "Rio das Conchas". 
Segundo o livro "Cidade de João Pessoa, A Memória do Tempo", 3° Edição de 2002, do historiador Wellington Aguiar, afirma ainda:

"E no início da segunda metade do século anterior já se registrava a existência de um cemitério, em redor da capela do Coração de Jesus, completamente aberto, como assinalou o presidente Beaurepaire Rohan em seu esclarecedor relatório de 1858. Essa tosca necrópole servia de última morada aos pescadores, pois somente eles é que viviam na luxuriante praia, onde havia muito coco, caju, guajiru e malária. 
Por causa disso as famílias de maior cabedal, desde que se iniciou o veraneio, no começo do presente século, preferiam as praias de Ponta de Mato, Formosa e Poço." 

A diretoria da então Ferro-Carril, responsável também pelo transporte de bondes de tração animal na época, já autorizada por sua Assembléia Geral, resolveu fundir as duas empresas (Ferro Carril-Ferrovia de Tambaú). Enquanto seguiam as negociações, foi iniciado no dia 16 de outubro de 1905, as obras para a futura ferrovia.