sábado, 4 de junho de 2022

4 de Junho de 2022 - 138 Anos de Inauguração da Estação de Guarabira - Matérias no Jornal Diário da Parahyba de Junho de 1884

Olá amigos do HFPB. Hoje, 4 de junho de 2022, uma data especial, comemora-se 138 anos de inauguração de uma das estações mais importantes do Estado da Paraíba, trata-se da inauguração do trecho até a cidade de Independência, posteriormente denominada Guarabira
Assim como aconteceu nos demais trechos contemplados pelo prolongamento ferroviário na Paraíba, a construção do trecho correspondente entre Mulungu a Independência, ficou a cargo da empresa inglesa Wilson, Sons & Co.
Aquele 4 de junho de 1884 marcou a consolidação da então companhia The Conde D'Eu Railway Company Limited em expandir sua linha em direção ao interior da então Província de Parahyba do Norte, na florescente cidade de Guarabira, denominada a "Rainha do Brejo". Este título foi conquistado através do desenvolvimento decorrente a implantação da linha férrea a localidade, se transformando a partir de então, no mais importante centro polarizador e econômico da região do Brejo paraibano.
Foi um dia de comemorações por parte da população local, que enfim, estava ligada por via férrea, Independência até a Capital da Província, Parahyba. Esta ligação facilitaria aos comerciantes locais exportarem seus produtos dos mais variados tipos, dentre eles, o café, que na época era muito abundante no Brejo paraibano, algodão, fumo, entre outros.
Para celebrar esta data tão importante, trago aqui incríveis reportagens da época. Dentre o órgão que noticiou o ato inaugural com mais conteúdo, destaca-se o jornal Diario da Parahyba. Este saudoso órgão jornalístico, fundado no mesmo ano de 1884, trouxe ótimas matérias, lançadas nos dias 6 de 7 de junho, com detalhes da festa de inauguração do referido trecho principal da The Conde D'Eu Railway Company. Além de trazer uma tabela de horários da companhia, saída na edição de 3 de junho, véspera da inauguração.
Anos se passaram, e vinte anos depois de sua inauguração, em 1 de janeiro de 1904, Guarabira deixou de ser ponta de trilho, quando foi inaugurado o trecho até o Rio Grande do Norte, como ficou conhecido na época de Ramal Natal - Independência.
No final da década de 1970, o trem de passageiros deixou de existir entre Paraíba e o Rio Grande do Norte (neste trecho, já que o Ramal Mossoró a Sousa, no Sertão, funcionou até o início da década de 1990).
Lamentavelmente, segundo consta, o último trem passou por Guarabira em 2000, aproximadamente, levando uma carga de sal provinda do Rio Grande do Norte, para nunca mais voltar, com a linha em completo e total abandono.
O estado da estação local é deplorável e revoltante, sem que os poderes públicos olhassem com mais visibilidade aquela área que trouxe tantas riquezas e alegrias para a "Rainha do Brejo". Torcer para que um dia, a estação local, possa ao menos ser restaurada, como em seu passado de glórias, o que Guarabira realmente merece de fato e de direito.

Estação de Guarabira originalmente, quando foi inaugurada em 1884 

Horários dos trens de passageiros da Estrada de Ferro Conde D'Eu, já mostrando o prolongamento até Independência, inaugurado no dia seguinte. Fonte: Diário da Parahyba, 3 de junho de 1884


Matéria de 6 de junho de 1884 mostrando a extensão até Guarabira. Diário da Parahyba, 6 de junho de 1884

Matéria de 7 de junho de 1884 trazendo com detalhes a inauguração do trecho até Guarabira. Diário da Parahyba, 7 de junho de 1884

quarta-feira, 1 de junho de 2022

1° de Junho de 2022 - 100 Anos da Chegada do Primeiro Trem a São João do Rio do Peixe

Olá amigos do HFPB. Hoje, dia 1 de junho de 2022, uma data muito especial. Trata-se do centenário da chegada do primeiro trem ao Sertão Paraibano, mais especificamente ao município de São João do Rio do Peixe
De acordo com o relatório do de Viação e Obras Públicas do Governo Federal de 1921, traz um pouco da história de construção desta ligação de ambos os estados nos primórdios:

"Afim de facilitar a construcção das grandes barragens localizadas nos Estados do Ceará e Parahyba do Norte, providenciou-se em junho de 1920, pela Inspectoria de Obras contra as Seccas, sobre a ligação ferroviaria destes Estados.
Fez-se então o reconhecimento para o traçado de uma linha entre Timbaúba, hoje Paiano (km. 474 da Estrada de Ferro de Baturité), e Pilões, e de um subramal destinado ao transporte de materiaes para a construcção da grande barragem no boqueirão de Piranhas."

Como foi explanado acima, a linha tinha como objetivo principal a construção de barragens no Sertão paraibano, por parte do IFOCS, esta ligação férrea entre o Ceará e a Paraíba, com a implantação destes reservatórios, como foi o caso das barragens de Pilões, São Gonçalo e Piranhas, facilitaria o transporte de materiais para as mesmas. O mesmo relatório continua dessa maneira:

"Em janeiro de 1921 já estava sendo executada a linha de Pilões em direcção a Alagoinha, bem como o ramal de Cajazeiras a Pilões, conjunctamente com o trecho de Paiano a Alagoinha.
O serviço de terraplanagem já está prompto até Souza  e atacada a construcção da linha em toda a extensão de Souza a Patos."

Ao terminar o ano de 1921, a construção da linha principal já estava bastante adiantada, além dos ramais também com suas respectivas obras recebendo grandes movimentações de terraplanagem e obras d'artes diversas, como a construção de aterros, lastro, cortes, bueiros, pontilhões, pontes, por exemplo. O assentamento dos trilhos no ramal teve início no mês de novembro. 
Iniciou o ano de 1922 com fortes chuvas, nos primeiros meses, o que deixou lenta a construção da linha, o que atrasou o cronograma previsto. Durante os meses de março a maio os trabalhos de construção da linha e dos assentamentos dos trilhos ficaram bastante reduzidos, devidos a concertos em diversos pontos do trecho pelas intensas chuvas. 
Com as diminuições das referidas chuvas, a partir de maio, o assentamento da linha continuou ao mesmo tempo que se desenvolvia a construção.
Em junho, os trilhos chegam a São João do Rio do Peixe, e a partir daí seguiram em direção a Cajazeiras, e no outro lado em direção a Sousa.
No final de 1922 o Governo Federal cortou boa pate das verbas destinadas ao IFOCS, em especial a construção dos grandes reservatórios mencionados anteriormente. No dia 26 de dezembro de 1922, as obras do trecho a partir de Sousa até Patos foram entregues a Rede de Viação Cearense (RVC), para que esta prossiga com a construção do referido trecho. 
Porém, esta construção prosseguiu de forma bem lenta, muito devido a falta de recursos necessários, como por exemplo, a aquisição de trilhos, atrasando e muito a construção da linha a partir de Sousa. Só chegaria em Pombal em 1932, e só em 1944, mais de vinte anos após o início da linha Ceará-Paraíba, chegaria em Patos
A locomotiva a vapor desta primeira viagem era um trem de lastro, que na ocasião transportava materiais para o prolongamento entre o Estado do Ceará e o Sertão paraibano. Não se tem uma informação precisa de qual foi a máquina que fez esta viagem neste trecho da ferrovia já pronta, mas é provável que tenha sido as máquinas que o IFOCS adquiriu dos Estados Unidos na época para os trabalhos de construção dos açudes e da própria linha. Muitas delas vindas das empresas The Baldwin Locomotive Works e ALCO Locomotive Works.
Deixo aqui este singela lembrança deste dia histórico para a ferrovia paraibana, em especial sertaneja.

Trem de lastro levando materiais para a construção dos Açudes São Gonçalo, Pilões e Piranhas há 100 anos atrás. Possivelmente uma locomotiva da marca Baldwin Locomotive Works. Fonte: O Malho - 11 de novembro de 1922. 

Locomotiva 0-4-0ST da IFOCS construída pela Baldwin em abril de 1922. Trabalhou no canteiro de obras dos Açudes São Gonçalo, Pilões e Piranhas. No mês de abril do corrente ano, o exemplar de número 501, do Museu do Algodão de Campina Grande completou 100 anos de existência. 

Ponte provisória sobre o Rio do Peixe, por onde passa a linha para o Açude de Pilões em 1922. Fonte: O Malho - 11 de novembro de 1922. 

Ponte provisória sobre o Rio do Peixe, na entrada de São João do Rio do Peixe com dormentes de madeira servindo de pilares. Fonte: O Malho - 11 de novembro de 1922.