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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Obras D'Artes - Pontilhão do Araxá/Novo Bodocongó - Campina Grande

Olá amigos do HFPB. Em maio último realizei uma visita a um pontilhão localizado entre os bairros do Araxá e Novo Bodocongó, na periferia de Campina Grande. No mesmo dia, fiz uma visita a outro pontilhão, localizado entre os bairros do Monte Santo e Araxá, publicado anteriormente. 
O referido pontilhão foi construído no final da década de 1940, pela Castro & Ferreira Ltda, como parte das primeiras obras estruturais para a futura união entre Campina Grande e Patos via férrea. Trata-se de um pontilhão construído em concreto armado e base de pedra, com 5,00 metros de comprimento; 6,50 metros de altura; 4,00 metros de largura; com base de 82 centímetros de altura. Este pontilhão está a 1,35 km de distância do pontilhão anterior no Monte Santo; 6,35 km da "Estação Nova" e a 7,85 km da "Estação Velha", atual Museu do Algodão.
Foi aberto, quando ocorreu a primeira viagem inaugural de caráter extraoficial, em 4 de abril de 1951, entre a estação de Campina Grande e o então Distrito de Puxinanã, já administrada pela RFN (Rede Ferroviária do Nordeste). A obra total ficou toda concluída em 8 de fevereiro de 1958, quando foi oficialmente inaugurada o ramal entre Campina Grande - Patos.
Obra bem construída, mesmo com todo o abandono que o ramal do interior paraibano passa pelos últimos 10 anos, ainda está em razoável estado de conservação, apesar das intempéries do tempo, coberto de vegetação local, entre outros. Confira abaixo as imagens da recente visita: 

Aspecto do pontilhão coberto pelo mato, há mais de 10 anos sem nenhum tráfego, entregue ao total abandono

                          




Parte superior também tomada pelo mato

Grande ombreira de pedra e concreto, ainda resistindo ao tempo apesar do abandono



quinta-feira, 1 de julho de 2021

Obras D'Artes - Ponte Rio Bodocongó - Puxinanã

Olá amigos do HFPB. Seguindo com postagens em comemoração aos 70 anos de abertura do prolongamento entre Campina Grande e Patos, mais especificamente no município de Puxinanã, no dia 4 de abril de 1951, trago hoje alguns dados e imagens de uma ponte localizada a 3,12 km das ruínas da antiga estação local sobre o Rio Bodocongó, ou Riacho Bodocongó, como encontrado em algumas fontes. 
Em postagens anteriores, publicamos sobre um pontilhão e bueiros sobre o mesmo Rio Bodocongó, que nasce no município de Puxinanã, adentra o município de Campina Grande, atravessa os municípios de Queimadas e Caturité, até desembocar no Rio Paraíba, em Barra de Santana, em um percurso de 50 quilômetros. Este segue margeando o percurso da linha férrea entre Puxinanã e Campina Grande. Fica nas proximidades do Sítio Lagoa do Tetéu.
A ponte tem 10 metros de comprimento (o que caracteriza como ponte e não pontilhão) e altura de 3,20 metros, construída em blocos de pedra e concreto armado. Considerada uma ponte relativamente baixa entre o leito ferroviário e o leito do rio.
Foi construída, assim como praticamente todas as obras d'artes do referido prolongamento pela Empreza Construtora Camillo Collier, apresenta algumas pequenas avarias em sua estrutura, o que não é nada de anormal, já que o ramal do interior paraibano está completamente abandono desde o início da década de 2010, mas no contexto geral o estado de conservação pode ser considerado satisfatório, comprovando o tão solido trabalho empregado nesta e nas demais construções do ramal. 
Abaixo um pouco das imagens da visita realizada na localidade no dia 03 de março do corrente ano:

Estrutura de pedra e concreto armado da ponte do Rio Bodocongó

Estrutura de pedra e concreto armado da ponte do Rio Bodocongó

Aspecto da ponte do Rio Bodocongó

Parte desgastada da estrutura

Estrutura inferior da ponte

Aspecto da ponte do Rio Bodocongó

Aspecto da ponte do Rio Bodocongó

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Evidências das Antigas Caixas D'Água de Ferro - São João do Rio do Peixe

Olá amigos do HFPB. Recentemente o amigo e colaborador são-joanense Wlisses Estrela, me enviou gentilmente imagens de locais onde foram instaladas caixas d'água para o abastecimento das antigas locomotivas a vapor, sendo estas, localizadas em pontos diferentes no município de São João do Rio do Peixe.
Essas caixas d'água, eram distribuídas, como mencionado anteriormente, em pontos distintos no município. Ao todo, segundo Wlisses, eram no número de quatro caixas d'água de ferro suspensas por estruturas metálicas. Estas estruturas foram retiradas há aproximadamente cinquenta anos, quando as locomotivas a vapor da Rede de Viação Cearense (que a estação de São João do Rio do Peixe estava subordinada) foram aposentadas, circulando a partir de então locomotivas diesel elétricas.
Wlisses me passou a localização destas caixas d'água no município, que eram as seguintes:
  • Existiam duas caixas d'água localizadas ao lado da estação local. Ele me afirmou que ainda podem serem encontradas as bases de concreto ao lado da estação.*    
  • Existia uma caixa d'água ao lado da Ponte metálica sobre o Rio do Peixe, na entrada da cidade, sentido São joão do Rio do Peixe - Sousa.
  • Existia também uma caixa d'água, juntamente com um cacimbão com a mesma estrutura metálica das demais, esta ainda existente, e resquícios de antiga casa de bomba no Sítio Viração, ao lado do Riacho Rabicho, a cerca de 2 km do centro urbano.
*Porém, segundo o são-joanense Pedro Doca, gentilmente explicou que "neste local era as caixas que abasteciam as locomotivas movidas a óleo diesel. No bairro da ponte, era caixa d'água, até hoje tem a base da caixa na época das máquinas a vapor."
A grande quantidade desses equipamentos de abastecimento das antigas locomotivas a vapor se deve pelo seguinte fato da região pertencer ao semi-árido nordestino. Esta região sertaneja em períodos de longas estiagem, passa a maior parte do ano sofrendo com os efeitos deste fenômeno natural que assola a região periodicamente.
Essas estruturas tudo indica, que foram construídas na década de 1920, quando a linha foi prolongada do Ceará até a Paraíba. Captava água nos mananciais disponíveis através de motores a vapor ou a diesel (precisa de uma pesquisa mais ampla a respeito), e os armazenava nestas estruturas metálicas localizadas ao lado da linha férrea.
Era São João do Rio do Peixe, que partiam comboios até Cajazeiras e outras cidades sertanejes, onde faziam as tradicionais baldeações.
Agradeço a Wlisses Estrela pelo fornecimento das imagens e dados valiosos quase esquecidos pela população local. Pra completar, Wlisses ainda me enviou uma bela imagem que remete a década de 1950 de senhoras da sociedade local defronte a uma dessas caixas d'água, na época o município se chamava Antenor Navarro, voltando ao antigo nome em 1989 (decisão mas que acertada). Confira abaixo as imagens que Wlisses gentilmente me enviou:

Senhoras da sociedade são-joanense na década de 1950, ao lado de uma das caixas d'água (na realidade, eram caixas reservadas no armazenamento de óleo diesel para as locomotivas diesel elétricas da RVC) localizadas na estação de São João do Rio do Peixe. Autor desconhecido.

As duas caixas d'água localizavam ao lado da antiga estação local. Foto: Wlisses Estrela.

Uma das caixas d'água localizava-se ao lado da Ponte do Rio do Peixe. Foto: Wlisses Estrela.

Evidências da base de concreto de uma caixa d'água localizada perto do Riacho Rabicho, no Sítio Viração. Foto: Wlisses Estrela.

Evidências da base de concreto de uma caixa d'água localizada perto do Riacho Rabicho, no Sítio Viração. Notem nas bases restos dos antigos grampos metálicos que fixavam a base com a estrutura da referida caixa d'água. Foto: Wlisses Estrela.

Única peça de ferro sobrevivente. Cacimbão que armazenava água provida do Riacho Rabicho que era bombeada por um motor até este reservatório e para a caixa d'água suspensa ao lado da linha férrea. Foto: Wlisses Estrela.

Local onde se encontra a única peça de ferro sobrevivente. Cacimbão que armazenava água provida do Riacho Rabicho que era bombeada por um motor até este reservatório e para a caixa d'água suspensa ao lado da linha férrea. Foto: Wlisses Estrela.

A estrutura do cacimbão ainda preservada, porém desgastada com a exposição as intempéries da natureza. 

Local aonde se localizava a casa de bombeamento da água do Riacho Rabicho para o cacimbão e caixa d'água suspensa. Foto: Wlisses Estrela.

Pontilhão sobre o Riacho Rabicho, 2 km da cidade, ao fundo Josué. Foto: Wlisses Estrela.

Colaborador Wlisses Estrela e Josué no Riacho Rabicho.

sábado, 7 de março de 2020

Locomotiva a Vapor & Locomóvel - Diferenças e Semelhanças Entre Estas Incríveis Máquinas

Olá amigos do HFPB. Em mais uma postagem de nosso super blog, trago a vocês esclarecimentos que aparecem constantemente em relação a duas peças relativamente semelhantes, porém com finalidades distintas e que a tona causam dúvidas na maioria das pessoas.
Pois bem, estas duas máquinas, alcançaram seu auge na chamada "Era do Vapor", era esta que alcançou praticamente todo o século XIX e início do século XX em todo o mundo. Me refiro a Locomotiva movida a vapor e o Locomóvel, também movido a força do vapor.
Muitos me perguntam que viram uma "locomotiva a vapor", sendo que na realidade esta peça se tratava de um locomóvel. Pois bem, explicarei detalhadamente a diferença e semelhança entre ambas.

Locomotiva a Vapor - As famosas "Maria-Fumaça" ou "Vaporosas", é uma máquina como o próprio nome diz, movida a força do vapor, que compõe-se de três partes principais: a caldeira, produzindo o vapor usando a energia do combustível, a máquina térmica, transformando a energia do vapor em trabalho mecânico e a carroçaria, carregando a construção. O vagão-reboque, mais conhecido como "tender", de uma locomotiva a vapor transporta o combustível e a água necessários para a alimentação da máquina. Muitas vezes era lenha ou carvão. Posteriormente várias foram convertidas para queimarem óleo combustível. 
O vapor produzido na caldeira é captado até um cilindro, fazendo este mover os pistões alternativos que são mecanicamente conectados às rodas principais da locomotiva, produzindo assim o movimento necessário.

Locomóvel -  (em inglês Portable Steam Engine) É um motor , seja um motor a vapor que fica em um lugar durante a operação (fornecendo energia às máquinas, como dínamos, moendas, descaroçadores de algodão, entre outros ), mas ao contrário de um motor estacionário, é portátil e, portanto, pode ser facilmente movido de um local de trabalho para outro. Montado sobre rodas ou patins, ou até mesmo totalmente estacionário, é rebocado para o local de trabalho ou se move para lá por autopropulsão (como é o caso dos tratores a vapor).  Podemos ainda destacar:
Semi-portáteis - (em inglês semi-portable) Eram praticamente a mesma configuração dos locomóveis, movidos a força do vapor, podemos dizer que é uma variável desta, porém desprovidos de rodas para o deslocamento mais facilmente de um ponto ao o outro da propriedade. Eram peças praticamente fixas no local empregado. Estes eram ainda mais comuns que os próprios locomóveis. 
Existe ainda o exemplo que que alguns locomóveis foram convertidos para semi-portáteis, caso de uma peça encontrada na Universidade Leiga do Trabalho em Taperoá, onde pode-se verificar que esta existia rodas. Nesta universidade encontra-ser duas peças expostas em seu pátio. 
Trator a Vapor - Também, muitas vezes o próprio locomóvel é confundido com um Trator a Vapor, (em inglês Traction Steam Engine) máquina similar a esta, porém esta é uma máquina a vapor automotora usada para movimentar cargas pesadas sobre estradas, para aragem de solo ou para fornecer energia em locais determinados, esta também é conhecida como "locomotiva de estrada". Estes geralmente eram grandes, robustos e de grande potência, sendo porém pesados, lentos e de baixa manobrabilidade. Este último grupo está relacionado ao do locomóvel, já que também podem empregar funções de gerador de energia as máquinas.  
No caso da Paraíba, pouquíssimas peças sobreviveram, tanto locomotivas quanto os locomóveis, incluindo a variedade dos os semi-portáteis. Já no caso dos tratores a vapor, não tenho registro destas possantes máquinas em fazendas no Estado foram utilizadas, mas possivelmente sim.
A mais conhecida das locomotivas ainda preservadas na Paraíba, está exposta no pátio do Museu do Algodão em Campina Grande.  Trata-se de uma locomotiva do tipo "Four Wheeler" número 55359, série 501, construída pela Baldwin Locomotive Works na Filadélfia, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos em abril de 1922. Pertencia originalmente a Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas (IFOCS), destinada sobretudo ao transporte de materiais para a construção de reservatórios no Sertão paraibano, a exemplo do São Gonçalo em Sousa, Pilões em São João do Rio do Peixe
Posteriormente adquirida pela Rede de Viação Cearense (RVC), foi comprada pela Prefeitura Municipal de Campina Grande no início da década de 1970 para ser parte componente do primeiro Museu do Algodão que ali se instalaria em 1973. O local é aberto de segunda a segunda, 
No caso dos locomóveis, mais especificamente em maior quantidade na variedade de Semi-portáteis, existiam inúmeros empregados em fazendas, engenhos, serralharias, indústrias, entre outras funções, do Sertão ao Litoral.  Eram a força motriz no início do século XX em todo o Estado. 
Dentre os poucos locomóveis ainda restantes em todo o Estado, destaca-se um exposto no pátio da entrada da Embrapa Algodão em Campina Grande. Trata-se de um locomóvel Ruston & Hornsby, construído na cidade de Lincoln na Inglaterra, com 6 HP de potência, Classe PSG, com número de série 153085, construído em 1928.
Segundo consta, esta peça foi utilizada sobretudo no descaroçamento de algodão. De acordo com uma placa encontrada na lateral da mesca, foi reconstruída pela "A Linard" M. V. Ceará em 1940. Estando exposta no pátio da Embrapa desde a década de 1970. Trata-sede uma bela peça bem preservada, chamando a atenção de todos que trafegam aquele espaço.
Esta peça conta um pouco da história da chamada "Era do Vapor" que dominou o mundo por décadas. 
Então, espero que tenha tirado todas as dúvidas dos internautas ainda confusos a respeito da função destas brilhantes máquinas a vapor.  
Vale a pena a visita em ambos os lugares para poderem "investigar" de perto estas históricas peças. Confira:

Comparativo Locomotiva a Vapor e Locomóvel - Diferenças e Semelhanças

Locomotiva a Vapor - Museu do Algodão - Campina Grande








Locomóvel - Embrapa Algodão - Campina Grande









Semi-Portáteis - Universidade Leiga do Trabalho - Taperoá

Marca: W.N. Nicholson & Son, Newark, Inglaterra. 

Marca: W.N. Nicholson & Son, Newark, Inglaterra. 

Marca: W.N. Nicholson & Son, Newark, Inglaterra. 

Semi-Portátil também encontrada na Universidade Leiga do Trabalho, porém de marca desconhecida. Há indícios que esta peça tenha sido anteriormente um locomóvel.

Semi-Portátil também encontrada na Universidade Leiga do Trabalho, porém de marca desconhecida. Há indícios que esta peça tenha sido anteriormente um locomóvel.

Semi-Portátil também encontrada na Universidade Leiga do Trabalho, porém de marca desconhecida. Há indícios que esta peça tenha sido anteriormente um locomóvel.

Trator a Vapor

Modelo de um Trator a Vapor (Traction Steam Engine). Semelhante a um locomóvel, porém este tracionável. Modelo Ruston & Hornsby encontrado na Inglaterra. Fonte: http://www.steamscenes.org.uk/engines/ruston-hornsby/general-purpose-engine/161250/