Olá amigos do HFPB. Em visita na manhã desta quinta-feira a cidade de Puxinanã, distante 21,5 km de Campina Grande fiz uma visita em parte da linha férrea que corta a periferia desta cidade. Infelizmente o que constatei foi o completo e absoluto abandono da linha naquele trecho. Este abandono como é obvio, é devido o encerramento das atividades de transporte de cargas pelo ramal paraibano há mais de oito anos, desde então, nenhum trem circula pelo local.
Em parte do trecho percorrido por mim nesta manhã, o mesmo percurso que havia feito nove anos antes, ou seja, em outubro de 2009 na última visita a linha local, o abandono é evidente. A construção do prolongamento Campina Grande - Patos, como ficou conhecido na época, teve início no primeiro semestre de 1950, tinha como objetivo unir duas importantes metrópoles nordestinas, Recife em Pernambuco e Fortaleza no Ceará via Paraíba. Sonho antigo, porém só concretizado de fato em fevereiro de 1958, há exatos sessenta anos atrás, quando enfim foi inaugurado em grande festa realizada.
O trecho que percorria o então Distrito de Puxinanã (até 1953 pertencia ao município de Campina Grande, a partir deste ano passou a pertencer ao município recém criado de Pocinhos. Em dezembro de 1961 Puxinanã conseguiu sua emancipação política) seria a primeira escala desta empreitada. Verdade esta que os trabalhos seguiram em ritmo acelerado, ficando estes encarregados pela empresa construtora pernambucana Camillo Collier Ltda. A estação foi entregue a população no dia 4 de abril de 1951 em uma grande festa realizada, onde teve a presença de inúmeras autoridades ligadas a RFN (Rede Ferroviária do Nordeste) e políticas locais e do Estado.
De acordo com a matéria da revista campinense Manaíra, de junho de 1951, mostra a seguinte matéria no dia da inauguração da estação de Puxinanã: “Dezenas de automóveis não conduziriam no dia 4 de Abril do corrente ano a quantidade de homens e mulheres que três lastros trouxeram à Puxinanã nesse dia para assistirem a inauguração do trecho da Rêde Ferroviária do Nordeste. A festividade foi imponente dentro daquele ambiente de alegria e simplicidade em que os Drs. Pedro e Camilo Collier se apresentavam risonhos e cheios de satisfação pela conquista de mais um povoado ligado à rainha da Borborema através do prolongamento da estrada de ferro Campina Grande-Patos. Ali muitas famílias poderão construir as suas casas residenciais e terem tranzações diárias com Campina Grande tamanha a facilidade de transporte adquirida com a realização excepicional da Empreza Construtora Camilo Collier Ltda. A inauguração, naquele dia, na área jurídica de Puxinanã, do trecho da estrada de ferro que liga Campina Grande ao Estado do Ceará foi presenciada por autoridades federais e estaduais. Destacamos entre as pessoas presentes o sociólogo Lopes de Andrade representante do Exmo. Sr.. Governador José Américo de Almeida, prefeito Elpídio de Almeida, major Antonio Rodembusch vice-prefeito de Campina Grande, major Brigadeiro Alvaro Recker, Cel. Braulio Domingos, Cte. Militar da Rede 7ª, Cap. R. H.. Dobson, representante do Cte. Da 7ª Região Militar, Eng. Vicente de Brito Pereira, diretor do DNEF, Eng. Cornélio Júnior, chefe do D. Fiscal, Eng. Lauriston Pessoa Monteiro, chefe da DC-3, Eng. Gercino Pontes, diretor da RFN, Sr. João Justino Leite, Inspetor de Tráfego de RFN, srs. Aquilino Porto e Caminha França respectivamente, chefes de Tráfego e Linhas, drs. Cláudio Albuquerque do DNEF, Hortencio Ribeiro e outras pessoas de destaque”.
Esta reportagem acima mostra a enorme importância que o trecho inaugurado tinha na época.
Voltando a caminhada feita pela manhã, percorri um curto trecho de 537 metros, que corresponde do túnel de acesso rodoviário, construído em 1950, este feito em um aterro com os trilhos passando em seu topo, passando por um corte na rocha, até as ruínas de que um dia foi a estação de Floripes Coutinho, isso mesmo, a estação de Puxinanã foi batizada na época em homenagem a este político regional falecido em 1934 e que a décadas está totalmente demolida.
O mato praticamente cobriu a maior parte do trecho, cena triste com grande quantidade de esqueletos de animais mortos, muito provavelmente em decorrência da estiagem dos últimos anos que assola o Semi-Árido nordestino. Nas proximidades da estação o lixo "toma conta" do local, não lembrando em nada os tempos áureos das décadas de cinquenta a setenta. Lamentavelmente, este foi o quadro encontrado em mais uma visita a uma esquecida e abandonada ferrovia paraibana.
Me pergunto, até quando as autoridades deste país ainda ignorarão o transporte ferroviário, lamentável.
Trecho da linha férrea onde praticamente não se vê mais os trilhos.
Areia cobriu os trilhos na passagem de nível.
No alto de m corte na rocha onde observa a linha "sufocada" pelo mato.
Uma das várias carcaças de animais que pereceram decorrentes da terrível estiagem que assola o Nordeste há alguns anos.
Uma dos poucos trechos "limpos" (em parte) onde o mato ainda não cobriu.
Até alguns os dormentes desapareceram.
Mais um trecho percorrido no alto do aterro.
Retrato de um tempo áureo.
Túnel rodoviário de acesso, no alto do aterro passa a linha férrea. 11 metros de comprimento, 4 de largura. Bela obra da engenharia ferroviária.
Por dentro do túnel.
Lado oposto do túnel.
Túnel rodoviário de acesso.
Visão geral do grande aterro e do túnel rodoviário de acesso a direita.
Mato cobrindo boa parte da linha.
Marco de linha 230.
Seguindo o trecho onde um arbusto nasceu entre o lastro.
Resto da antiga plataforma da estação totalmente demolida.
Ruínas de que um dia foi a estação "Floripes Coutinho" em Puxinanã.
Aspecto da plataforma e ruínas da estação, demolida a décadas.
Extremidade da plataforma onde até parte dos blocos de rocha foram subtraídos, ao fundo as ruínas da estação.
Ruínas da estação na antiga área da entrada da mesma.
Antiga escada de acesso a estação. Quase que totalmente encoberta pelo mato e lixo.
A única parede ainda de pé da estação. Resistindo ao tempo como alento dos tempos áureos da ferrovia na região.