Olá amigos do HFPB. Há quase quarenta anos, o imemorial jornal Gazeta do Sertão, com matéria de 26 de maio de 1981, estampava o seguinte título: "Defendida a volta dos trens de passageiros".
Como havia postado anteriormente, através do jornal Diário da Borborema, o tráfego de passageiros fora interrompido no mês de setembro de 1980. Desde esta data os trens de passageiros em direção ao Sertão, Fortaleza, Itabaiana, Recife, enfim, entre outras localidades, deixaram de circular pelo interior do Estado, causando transtornos imensos para os usuários deste meio de transporte.
Na matéria de maio de 1981, esta espera já angustiava ainda mais os usuários, especialmente os mais carentes, acostumados a utilizarem o trem de passageiros como o único meio de locomoção para as localidades contempladas.
Segundo o então Chefe da Estação de Campina Grande, o Sr. Adauto Emídio de Souza, de acordo com a matéria:
"O corte das linhas de passageiros prejudicou não somente a população carente de Campina Grande, mas ainda, de outras cidades próximas, 'que vem sofrendo bastante, uma vez que não tem dinheiro suficiente para pagar viagens de ônibus, hoje bastante elevadas em decorrência da alta do combustível."
Na época, o transporte rodoviário (linhas de ônibus intermunicipais e interestaduais) era bastante caro para as pessoas mais humildes que não tinham condições suficientes para pagaram por uma passagem entre Campina Grande a Recife, por exemplo. Por isso, que a importância do trem de passageiros era fundamental para estas pessoas com baixas condições financeiras.
Com a decisão de desativação do transporte de passageiros pelo interior paraibano em 1980 por motivos "desconhecidos", o tráfego ficou restrito apenas para trens de cargas, mesmo assim, com a paralisação dos trens de passageiros, o número de funcionários empregados continua o mesmo, aproximadamente de 50, sem diminuição do quadro.
O então Chefe da estação, o Sr. Adauto, que trabalha nesta função na estação local há três anos, tem a esperança de voltar este transporte que tanto ajudou a modelar o quadro sócio-econômico-cultural de inúmeras localidades, inclusive Campina Grande. Assim frisou:
"...a população de Campina além de ser beneficiada com um transporte relativamente barato, aproveitaria para a condução de gêneros de primeira necessidade, evitando assim o alto preço do frete rodoviário."
Tudo indica que os apelos e anseios da população pela volta do trem de passageiros não sensibilizaram as autoridades responsáveis pelo tráfego ferroviário deste país. Foi para nunca mais voltar. Ficando apenas com o transporte de cargas.
Muitas estações fecharam suas portas, já que o transporte de passageiros era a vida útil destas, inúmeras foram abandonadas e demolidas nos anos posteriores.
No início da década de 2010 era a vez dos trens de cargas deixarem definitivamente de circular pelo interior paraibano, pondo um fim a mais de 100 anos de história do transporte ferroviário na região. Hoje a estação de Campina Grande, assim como outras espalhadas pelo interior do Estado, se encontra totalmente abandonada e em estado deplorável, sem a menor perspectiva de retorno.
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