terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Vídeo - Gigantesco Bueiro "Ponte do Quinze" - Alagoa Grande/Alagoa Nova

Olá amigos do HFPB. Em visita na última sexta-feira dia 18 do corrente mês, no município de Alagoa Grande, visitei a grandiosa obra que viria a ser conhecida como "Ponte do Quinze". Na na realidade trata-se de um gigantesco bueiro onde transpõe o famoso Rio Mamanguape localizado na divisa dos municípios de Alagoa Grande e Alagoa Nova, no Brejo Paraibano
O bueiro está a 6 km de distância do centro de Alagoa Grande, no extremo oeste do município. Faria parte integrante do Ramal de Penetração, ligaria Alagoa Grande até Patos. Mas como postei anteriormente jamais foram assentados os trilhos e a obra fora abandonada.
Em postagem anterior mostrei com detalhes a história e fotos desta bela obra. Hoje trarei um pequeno vídeo mostrando a magnitude da construção. Confira:




Estado Atual da Estação de Alagoa Grande

Olá amigos do HFPB. Em visita na última sexta-feira a cidade de Alagoa Grande não poderia de registrar o que foi um dia a estação local. Infelizmente o estado que encontrei assim como as visitas anteriores ao mesmo local em 2009 e 2013 o estado é deplorável.   
É realmente muito triste voltar a estação e constatar que pouca ou quase nada foi feito para sua restauração, já que existe um projeto de transformar o espaço no Museu Histórico de Alagoa Grande. Estação esta que um dia foi o centro nervoso da localidade, transformando a cidade e o município de Alagoa Grande pra sempre.
A história desta estação começa há 119 anos. Após o contrato celebrado em 22 de janeiro de 1900 entre o Governo Federal e a companhia inglesa The Conde D’Eu Railway Company para a construção do prolongamento ferroviário entre as localidades de Mulungu até Alagoa Grande, a mesma companhia submeteu à consideração do Ministério de Viação e Obras Públicas o orçamento das despesas a fazer com as obras. O orçamento foi aprovado pelo Decreto n.3856, de 15 de dezembro de 1900 foi de 521:00$000, segundo consta do original para as obras de construção.
Todo este progresso chegando a cidade se deve fundamentalmente a um homem, tratava-se do Deputado Federal patoense radicado em Alagoa Grande Apolônio Zenaide Peregrino de Albuquerque Montenegro, na época era chefe político local. Apolônio Zenaide tinha uma grande reivindicação junto ao governo federal: trazer em sua terra a estrada de ferro. Através de muita luta, enfim o referido deputado junto ao Governo conseguiu enfim trazer a ferrovia a Alagoa Grande.
O dia tão esperado chegou, 1 de julho de 1901, a locomotiva denominada “Alagoa Grande” chegava “bufando” na cidade local para a admiração de todos os presentes neste dia histórico. Realmente foram tempos gloriosos. A partir de então um verdadeiro surto de crescimento nos âmbitos social, cultural e econômico “apitava” na terra da “Lagoa do Paó”. Na primeira metade do século XX muitos serviços nas mais variados tipos chegou à Alagoa Grande nunca antes experimentado. Sendo este um dos municípios mais prósperos de toda a Paraíba durante décadas. A estação seria concluída apenas no ano seguinte, em 1902.
A estação de Alagoa Grande foi a segunda na Paraíba a possuir um andar superior a ser construída primeira foi a estação Conde D’Eu em João Pessoa que tinha dois pavimentos, porém esta foi demolida no início da década de 1940 para a construção de outra em estilo moderno . Seguia a linha simples de volumetria com ampla cobertura de sua plataforma, a fim de atender melhor os transeuntes.
Porém, para a tristeza de todos em novembro de 1966 o tráfego ferroviário entre Mulungu e Alagoa Grande foi interrompido por ordem do Governo Federal, na época o Ministro de Viação era Juarez Távora
Esta decisão equivocada deixou em segundo plano as ferrovias deste país, o qual proporcionava meios de transportes mais baratos do que as rodovias que estava sendo priorizadas. A estação caiu em desuso e esquecimento.
É tombada pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) desde 2002.
Encontra-se atualmente em estado como encontramos de total abandono. Até parte da obra foi iniciada de restauração como podemos ver no andar inferior, mas as verbas foram cortadas na esperança de algum dia seja totalmente restaurada servindo do tão sonhado Museu Histórico do Município de Alagoa Grande. 
   
Estado atual da antes vibrante estação de Alagoa Grande


Plataforma larga de 5 metros de largura afim de melhor atender aos passageiros

Podemos observar ainda o velho dístico como sinal de resistência ao tempo

A outrora vibrante estação de Alagoa Grande. Pode-se observar que as autoridades locais ainda iniciaram a obra de restauração no andar inferior, mas infelizmente foram interrompidas

Alto grau de deterioração 

Parte ainda visível do "meio-fio" da plataforma em concreto e pedra

Neste colégio um dia foi o antigo armazém da estação local

Lado oposto da estação

Podemos observar o alto grau de deterioração 


Lateral onde observamos as janelas e o antigo dístico

No passado nesta rua existia os trilhos que chegavam a cidade vindos de Mulungu

A última viagem do trem a Alagoa Grande em imagem registrada em novembro de 1966

A estação na década de 1970 já desativada e sem a cobertura da plataforma


domingo, 20 de janeiro de 2019

Obras D'Artes - O Grande Bueiro em Arco - "Ponte do Quinze" - Alagoa Grande/Alagoa Nova

Olá amigos do HFPB. Em visita ao município de Alagoa Grande na tarde da última sexta-feira dia 18 de janeiro, finalmente conheci uma obra grandiosa do então "Ramal de Penetração", ferrovia esta jamais concluída. Trata-se do grandioso bueiro em forma de arco pleno cortando o Rio Mamanguape. O referido rio divide os municípios de Alagoa Grande e Alagoa Nova, no Brejo Paraibano. Então a grandiosa construção pertence a ambos municípios.
Na região os habitantes não conhecem como "bueiro" mas sim como "Ponte do Quinze", devido a localização do bueiro ser neste sítio dividindo os dois municípios. Então, preferimos nomeá-lo dessa maneira, apesar dela ser um bueiro.
Chegando ao local do bueiro o que constatei realmente foi uma grandiosa obra da infraestrutura ferroviária. Esta grandiosa construção seria parte integrante do conhecido "Ramal de Penetração", consistia no prolongamento ferroviário entre Alagoa Grande até o Sertão do estado, de unindo os estados da Paraíba e Ceará
Os estudos da construção da linha foram iniciados em fevereiro de 1921, os quais deveriam ser entregues, a medida da conclusão da respectiva locação, à companhia Great Western (GWBR), encarregada originalmente pela construção do prolongamento. De acordo com o Relatório de Viação e Obras Públicas do Governo Federal de 1921 assim estava escrito: 
Os trabalhos tiveram o desenvolvimento compatível com as difficuldades resultantes do copioso inverno, no ano mesmo anno, no nordeste, e do terreno accidentado, que constitue o escarpado flanco oriental da serra da Borborema, em cujo sopé se acha a cidade de Alagoa Grande.
O primeiro trecho da etapa seria atacada entre Alagoa Grande até Esperança. O segundo trecho de Esperança a Joazeiro (Juazeirinho), o terceiro trecho de Joazeiro até Santa Luzia e o quarto trecho de Santa Luzia até Patos
No Sertão a ferrovia se chamaria Estrada de Ferro Ceará - Parahyba, ficando a Rede de Viação Cearense (RVCencarregada pelos trabalhos de prolongamento, avançando pela pela Paraíba em direção a São João do Rio do Peixe, Cajazeiras, passando por Sousa, Pombal, Malta até chegar a Patos, onde finalmente as duas companhias construtoras se uniriam.
Pelo Decreto n° 14.924, de 30 de julho de 1921, foram aprovados a planta de exploração e o projeto do prolongamento, na parte correspondente aos 7,8 primeiros quilômetros , a partir de Alagoa Grande.
Por não haver acordo com a GWBR na construção do trecho, foi acordado com a Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas (IFOCS) em dezembro de 1921 a administração e construção de Alagoa Grande até Patos, fato semelhante o que ocorrera do prolongamento Borborema a Bananeiras.
Os trabalhos iniciaram imediatamente, apesar da carência de trabalhadores especializados de assentamento da linha, prosseguindo ativamente. 
Algumas obras foram construídas no trecho a partir de Alagoa Grande, dentre as obras construídas podemos destacar: Ponte do T (ponte esta localizada nas proximidades da estação local e que seria o ponto inicial do ramal), Casas da Turma (no total de 6 prédios e que ainda existem na saída da cidade), aterros, cortes na rocha e barrancos, e a famosa Ponte do Quinze sobre o Rio Mamanguape.
Porém, os trabalhos de prolongamento do Ramal de Penetração foram suspensos por ordem do Governo Federal no início de 1923 da então presidência de Arthur Bernardes, suspendendo todas as obras do IFOCS. Impossibilitando a implantação da linha férrea até este ponto. A escavação do grande Túnel da Serra da Beatriz localizado no município de Alagoa Nova atrasou bastante a obra, e quando a ordem de suspensão foi dada pelo governo apenas parte do referido túnel havia sido perfurado. 
Mas o bueiro/ponte não ficou sem utilidade, serviu e serve de acesso de transporte rodoviário entre a zona rural de ambos os municípios.
Voltando a grande obra, esta iniciada no final de 1921 e início de 1922. Nada se compara no Estado da Paraíba referente a bueiro ferroviário como a Ponte do Quinze. Construída em arco pleno para melhor comportar o volume de massa distribuindo melhor a pressão sobre o mesmo. Tem cerca de 12 metros de uma ponta a outra de suas "bocas" e cerca de 8 metros de altura. Seus materiais de construção consiste em pedra maciça nas bases, concreto e ferro. 
O lugar é cercado por serras formando um vale, dando-lhe aspecto pitoresco. Uma verdadeira e autêntica paisagem "brejeira". Nas proximidades do bueiro o Rio Riachão deságua no Rio Mamanguape.
Desde sua construção em 1922, apesar de ter quase 100 anos de existência, jamais sofreu abalos de sua estrutura, confirmando o tão bem feito trabalho empregado na época. Suportando bem as cheias desde então do Rio Mamanguape
Resumindo a visita do dia, fiquei realmente bastante impressionado com a magnitude da obra. Jamais vira algo tão grandioso referente a bueiros ferroviários. Eu como visitante e aventureiro recomendo sua visitação, em períodos chuvosos o rio ganha vida formando corredeiras embelezando ainda mais o local. 

Entrada norte do bueiro

Construção magnífica e sólida com quase 100 anos

Conferindo a grandiosidade da obra

Comparativo com o tamanho da "boca" na entrada norte

Construção sólida e grandiosa em comparativo 

Entrada norte

Boca da entrada norte

Parte interna

Boca da entrada sul

A entrada sul está mais "escondida" pela vegetação local

Boca sul

Saída norte do bueiro

A bela região entorno do Rio Mamanguape

domingo, 13 de janeiro de 2019

Obras D'Artes - Ponte do Riacho do Padre - Pirpirituba

Olá amigos do HFPB. Em visita ao município de Pirpirituba na última quinta-feira dia 10, finalmente conheci a Ponte do Riacho do Padre, sobre o riacho de mesmo nome. 
Na realidade apenas as bases e o pilar central de pedra estão intactos, já que todo o material metálico da ponte, assim como os trilhos e dormentes outrora existentes nela foram totalmente retirados no final da década de 1960, quando o Ramal de Bananeiras foi suprimido definitivamente. 
Esta visita deu graças ao amigo e pesquisador pirpiritubense Emival Galiza Barros, conhecedor profundo do local e da história da antiga ferrovia no município de Pirpirituba.
A começar o percurso a partir da cidade em direção a referida ponte, Emival mostrou-me em uma pequena rua de nome Rua Juvino Marreiro conhecida popularmente como "Rua da Linha", já que nesse ponto percorria a antiga estrada de ferro. Juvino Marreiro, segundo o próprio Emival, era um trabalhador da linha onde fazia limpeza da mesma em dias de fortes chuvas, desobstruindo os trilhos de qualquer material que os prejudiquem, ou seja, os famosos e destemidos "cassacos" (termo popular destinado a trabalhadores braçais que eram empregados nos mais variados oficios na ferrovias, como construção, desobstrução de linha, vistoria de trilhos, manutenção entre outros).
Se não fosse o conhecimento do amigo no trecho e o fato de ainda em um terreno ao lado da rua existir um antigo poste telegráfico de ferro não saberia jamais que ali um dia percorreu as possantes locomotivas e seus vagões.
Passamos da rua e seguimos em destino a ponte, percorremos o antigo trecho da linha férrea. Quase nada lembra os tempos áureos do transporte ferroviário, constata-se apenas alguns antigos bueiros, cortes e aterros.
Depois de uma curta caminhada chegamos a ponte. O que me chamou a atenção é o quão bem construído foi esta estrutura em base de pedra e concreto, sólidos e duráveis. A realidade é tanta, que esta estrutura fora construída em princípios de 1910, ou seja, 119 anos atrás. 
A ponte fica a 1,82 quilômetros de distância da estação de Pirpirituba. De acordo com o relatório do Governo Federal de Viação e Obras Públicas de 1911 foram construídos até o trecho inaugurado em 21 de dezembro de 1910; 9 drenos, 5 bueiros abertos, 52 capeados, 1 em arco, 2 pontilhões de 5 metros e 1 ponte de dois vãos de 10 metros. Esta última obra citada é a Ponte do Riacho do Padre.  
A ponte tem ao todo aproximadamente 22 metros de comprimento, 5,15 m de altura (cabeceira sul, sentido Itamataí-Pirpirituba), 4,30 metros de altura (suporte da estrutura metálica e pilar central), por 5,5 metros de largura (cabeceira sul).
Emival me contou uma história curiosa  e perigosa envolvendo seu saudoso pai Edval Barros Cavalcanti (conhecido como "Seu Diva") nessa ponte quando o mesmo tinha por volta de 11 anos de idade, no início da decada de 1950. Ele e outro amigo estavam colhendo capim  no Sitio Boa Esperanca nas proximidades do riacho para alimentar a criação de caprinos que seu pai criava na época e resolveram atravessar a ponte no trajeto de retorno para a propriedade. Quando os garotos estavam exatamente sobre a ponte atravessando-a bem na metade dela de repente, uma composição apita a alguns metros deles. O perigo era eminente, sem qualquer possibilidade de fuga para algum dos lados da extremidade da referida ponte ou mesmo pular para o riacho que na ocasião estava caudaloso, os garotos só pensaram em algo, soltaram os fardos de capim e se refugiaram entre a estrutura metálica da ponte e esperaram a composição "passar" acima deles. Felizmente tudo ocorreu como o planejado, ambos não ficaram feridos nesta incrível e perigosa "aventura", apesar deles ficarem "surdos" com o tamanho barulho da locomotiva passando sobre eles.  Realmente foi um enorme susto para aquelas crianças. 
Além da ponte percorremos um pouco do aterro onde passava a linha além dela. Constatamos que vários antigos dormentes estão servindo de estacas para uma cerca dividindo uma propriedade local. Emival teve a felicidade de encontrar em meio a um dessas estacas/dormentes restos de antigos grampos (pregos) fixadores de dormentes. Achado espetacular, já que pensava que nada de ferro no trecho tinha sobrado e o pouco que resta é bastante raro.
Visita muito proveitosa, agradeço ao amigo Emival por mais esta expedição e que outras virão no futuro próximo.


Ponte do Riacho do Padre, construção de 1910

Rua Juvino Marreiro. Aqui no passado existia a linha férrea onde trafegavam os trens.

Resquício de um antigo poste telegráfico de trilho ao lado da rua Juvino Marreiro onde no passado existia a linha férrea

Restos de um antigo bueiro aberto. 

Restos de um pequeno corte

Resquício de outro bueiro capeado no trecho antes da Ponte do Riacho do Padre

Início da ponte (sentido Pirpirituba-Itamataí)

Cabeceira norte da ponte (Sentido Pirpirituba-Itamataí)

Cabeceira norte da ponte (Sentido Pirpirituba-Itamataí)

Pilar central

Cabeceira sul da ponte (sentido Itamataí-Pirpirituba)

Pilar central

Resquícios de rosca onde apoiavam a estrutura metálica da ponte no pilar central

A ponte em sua totalidade

Texto de minha autoria com informações sobre a ponte

Registro do ato de "colagem" para posteridade

Cabeceira norte com o texto "colado" 

Cabeceira sul

Resto de um antigo dormente da linha servindo de estaca de cerca

Resto de um antigo dormente da linha servindo de estaca de cerca de arame farpado
Velhos grampos fixadores de dormentes encontrados em dormentes no local

Dois orifícios neste antigo dormente onde eram fixados os grampos no trilho

Paisagem local onde percorria o trem (os trilhos passavam aonde se encontram as árvores no centro da imagem).