sábado, 30 de maio de 2020

Obras D'Artes - Construções de Uma Ferrovia Que Nunca Passou - Santa Luzia

Olá amigos do HFPB. Hoje trago a vocês imagens extraídas do blog marioferreira90.blogspot.com, pertencente ao Sr. Francisco Roberto Ferreira, o nome do blog é uma homenagem ao seu pai, Mario Ferreira de Medeiros, blog este que traz pouco da história de sua terra natal, Santa Luzia, na Microrregião do Seridó Ocidental, Sertão do Estado.     
Francisco, trás em seu blog imagens fantásticas de obras d'artes diversas, do que seria o "Ramal de Penetração", obra esta iniciada em 1921 e consistia em ligar os Estados do Ceará a Paraíba, via férrea. 
Partindo de Alagoa Grande, o traçado passaria por diversas localidades a exemplo de Alagoa Nova, Esperança, Pocinhos, Soledade, Juazeirinho até passar pelo município de Santa Luzia, seguindo até Patos, onde as duas frentes de trabalho se encontrariam, a outra frente partiria do Ceará passando pelo Sertão paraibano até chegar em Patos. Aliás, esta foi a única obra que realmente foi concluída, já na década de 1940.
Muitas obras neste trecho partindo de Alagoa Grande foram iniciadas, e muitas delas concluídas, como por exemplo, o gigantesco bueiro localizado na divisa dos municípios de Alagoa Grande e Alagoa Nova, conhecido como "Ponte do Quinze", sendo este assunto de uma postagem em janeiro de 2019.
No caso específico de Santa Luzia, as obras em destaque estão localizadas a 7 km da sede municipal, nas proximidades da BR - 230, no Sítio Olho D'Água, ao lado da bela Serra da Tubiba.  De acordo com o blog de Francisco, "são bueiros em pedras e alvenaria, aterros e cortes prontos para o assentamento dos dormentes".
Realmente, estas construções abandonadas nos mostram as práticas empregadas na construção ferroviária em princípios do século XX, continuando praticamente intactas, atestando o tão bem feito trabalho realizado neste trecho.
Os trabalhos de construção do referido ramal estava indo "de vento em popa" entre 1921 e 1922, até o parecer do Marechal Cândido Rondon, que cita o seguinte: " ... o ramal sem prejuízo poderia esperar para ser construído, a terminação das grandes açudagens e dos canais de irrigação, mesmo porque é de presumir que só passa a ter tráfego apreciável depois de removido as causas das secas." Trecho retirado no livro: A Paraíba e Seus Problemas, José Américo de Almeida, II. Edição, 1980. 
Além do citado acima, o referido Marechal também citou o fato do traçado excluir a mais importante cidade do interior paraibano e consequentemente nordestino, Campina Grande, não havendo nenhum motivo aparente para tal exclusão, apenas por "pura perseguição" por parte de alguns políticos e comerciantes de algumas localidades, por exemplo.
Outo fato que teve fundamental impacto da não continuidade das obras de prolongamento, foi quando o novo Presidente da República assumiu em novembro de 1922 no lugar do paraibano Epitácio Pessoa, Arthur Bernardes, o mesmo cortou verbas destinadas as obras do antigo IFOCS, Inspectoria Federal de Obras Contra as Seccas, paralisando imediatamente esta e outras obras espalhadas por toda a Paraíba.
Já a frente de trabalho de prolongamento que partiria do Ceará, prosseguiu as obras sendo totalmente concluídas apenas em 19 de abril de 1944, quando foi inaugurada a estação de Patos. Os materiais que seriam destinados a frente de trabalho entre Alagoa Grande e Patos, foram todos destinados a essa frente de trabalho sertaneja. 
Quando o Governo Federal autorizou, na década de 1940, o tão sonhado prolongamento entre Litoral e Sertão, ligando Paraíba e Ceará, consequentemente outros Estados nordestinos via férrea, Santa Luzia não foi contemplada no traçado. Originalmente, o traçado após Juazeirinho passaria por Santa Luzia, porém, o novo traçado passou a cortar terras onde atualmente estão localizados os municípios de Assunção, Salgadinho, Areia de Baraúnas, Passagem, Cacimba de Areia, até chegar em Patos. Como mencionado em postagens anteriores, o Ramal Campina Grande - Patos foi inaugurado oficialmente em 8 de fevereiro de 1958.
Agradeço Francisco Roberto pela fantástica ajuda na elaboração desta postagem de uma história praticamente esquecida da grande maioria da população paraibana.
Confira abaixo as imagens captadas no blog de Francisco:


Entrada de um Bueiro em pedra e concreto concluída. Resistindo ao tempo e abandono, desde 1922. Na realidade foram construídos na área em torno de 3 bueiros com este aspecto, porém, na região possa haver outras construções similares em toda a região de Santa Luzia onde o traçado cortaria o município.

A outra extremidade do bueiro inacabada.

Material em pedra na confecção de um bueiro.

Detalhes da entrada de um bueiro inacabado.

Bueiro inacabado.

Bueiro inacabado.

Entrada de um bueiro. 

Entrada de um bueiro inacabado. 

Pequeno pontilhão praticamente concluído.

Início da escavação de um Corte inacabado.

Início da escavação de um Corte inacabado.

Mais um corte inacabado.

Aterro inacabado. 

Parte de um aterro, ao fundo a Serra da Tubiba.

Aspecto de parte de uma área aonde receberia a linha férrea, algo que jamais aconteceu. Ao fundo a bela Serra da Tubiba.

sábado, 23 de maio de 2020

Imagens Históricas da Ferrovia em Sapé

Olá amigos do HFPB. Hoje, trago a todos vocês imagens históricas da imemorial estação de Sapé e seus arredores. Grande parte das imagens foram extraídas do Grupo do Facebook "Sapé de Outrora" a quem agradeço pela disponibilização do material histórico. São imagens que remetem desde a década de 1910 até a década de 1990. 
A estação de Sapé, foi uma das primeiras inauguradas na Paraíba, pela The Conde D'Eu Railway Company Limited em 7 de setembro de 1883, no trecho inicial da Capital da Província Parahyba até o povoado de Camarazal, posteriormente Mulungu, na época pertencente ao município de Guarabira
Sapé foi um importante centro comercial na Mesorregião da Mata Paraibana, Microrregião de Sapé, se destacando o cultivo das culturas da cana de açúcar e abacaxi. 
A Usina Santa Helena, fabricante de açúcar, foi uma das maiores da região, boa parte de seu escoamento produtivo era feito de trens, exportando para diversas partes da região.
Por muito tempo um polo algodoeiro, com usinas como a CIDAO (Companhia Industrial de Algodão e Óleos) e posteriormente SANBRA (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro) se destacando no setor industrial. Inclusive existia desvio ferroviário para o complexo industrial da CIDAO (posteriormente a SANBRA adquiriu as instalações na década de 1930). Praticamente Sapé se desenvolveu em torno da ferrovia, desenvolvimento este bastante significativo. Quando ela chegou em 1883, praticamente, não existiam casas em torno da estação. Um impulso desenvolvimentista "desembarcou" de vez na localidade. A verdade é tanta, que em 1 de dezembro de 1925, Sapé conseguia sua emancipação de Cruz do Espírito Santo, tornando independente e próspera a partir de então.
Abaixo as históricas imagens:

Dia de feira em Sapé no ano de 1910. Ao fundo, quase no centro da imagem, depois do cata-ventos ficava a estação local. Fonte: Sapé de Outrora. 

Usina da CIDAO em 1922. Usina beneficiadora do algodão e fabricante de óleos caseiros. Nota-se os trilhos adentrando no parque industrial no centro da imagem. Fonte: Era Nova, 1922. 

Centro de Sapé no ano de 1922, ao fundo, ao centro da imagem, logo após o cata-ventos ficava a estação. Fonte: Illustração Brasileira, Setembro de 1922.

Imagem da antiga estação que remete provavelmente a década de 1930. Fonte: Autor desconhecido.

Multidão acompanhando Filarmônica Municipal na década de 1950. No centro a estação local. Fonte: Sapé de Outrora.

Passageiros aguardando o comboio chegar a estação de Sapé na década de 1950. Fonte: Sapé de Outrora.

Grupo de pessoas da sociedade sapeense na década de 1950 ao lado da estação local. Fonte: Sapé de Outrora.

Manutenção na linha férrea com a troca de dormentes no perímetro urbano na segunda metade da década de 1960, ao fundo a estação local. Fonte: Sapé de Outrora.

Aspecto de manutenção da linha realizada na segunda metade da década de 1960, com a colocação de brita.  Fonte: Sapé de Outrora.  

Aspecto de manutenção da linha realizada na segunda metade da década de 1960, com a colocação de brita para uma PN (Passagem de Nível).  Fonte: Sapé de Outrora. 

Uma imagem que traz saudades ao amantes do transporte ferroviário de passageiros. Comboio cortando a cidade nas proximidades da estação. Década de 1960. Fonte: Sapé de Outrora.

Desvio perto da estação. Década de 1970. Fonte: Sapé de Outrora.

A estação na década de 1970, após sua reforma estrutural. Fonte: Sapé de Outrora.

A estação demolida inexplicavelmente, na década de 1990. Tempos que não voltam mais. Fonte: Sapé de Outrora.