quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Estado Atual da "Ponte Preta" (Ponte do Rio Ingá) - Ingá

Olá amigos do HFPB. Hoje em mais uma postagem em visita recentes posto imagens da famosa "Ponte Preta", assim conhecida na região da ponte localizada no município de Ingá, sobre o Rio Ingá. Visita realizada na ultima sexta-feira dia 22 de fevereiro.
Seguindo o caminho pela linha férrea, a princípio nem sei aonde era a linha e o matagal, já que fora coberta pelo abandono e descaso. Percorri o mesmo trecho que fizera em maio de 2010 e outubro de 2013, porém na época dava para fazê-lo normalmente já que mesmo definhando o ramal ainda tinha certo grau de conservação e tráfego. O pior que constatei, parte dos trilhos furtados, verdadeiro crime de patrimônio.
Chegando a ponte, não reconheci em nada o trecho, pelo fato estar coberto pela vegetação. Infelizmente o estado atual da ponte é deplorável, depois de anos de abandono da linha férrea no interior paraibano suas estruturas estão padecendo do mais completo abandono sem a perspectiva de dias melhores.
A referida ponte tem 20 metros de comprimento por 3,5 metros de altura. Foi construída entre 1906/07 pela Great Western of Brazil Railway (GWBR). Foi inaugurada oficialmente assim como todo o ramal Itabaiana – Campina Grande em 2 de outubro de 1907. Também conhecida localmente como “Ponte Preta”.
Trata-se de uma das três pontes de estrutura metálica construídas para o Ramal Itabaiana – Campina Grande, as outras ficam no próprio município de Ingá e a maior, a Ponte de Guarita no município de Itabaiana
O material metálico foi trazido fabricado pela Frodingham Iron & Steel de Leeds, Inglaterra, como atestado em sua superestrutura.
A estrutura tem boa parte coberta por ferrugens, mas o que mais chama é o alto grau de vandalismo por parte de indivíduos que não nenhuma noção de preservação histórica, lamentável. 
Além de parte da estrutura do lado da cabeceira está sem parte do aterro, levada pelas águas do rio em 2013. Aliás, este foi o último ano que circulou algum trem pelo ramal.
Apenas os dormentes que ainda conservam certo grau de preservação, porém não por muito tempo, já que sem manutenção a tendência é desgastar assim como os demais.
Fica a certa distância do famoso Sítio Arqueológico Pedra do Ingá, com enigmáticas inscrições em baixo relevo em uma rocha com 40 metros de comprimento por 3 de altura, constituindo uma dos sítios arqueológicos do gênero mais importantes do Mundo.
Lamentável mesmo o total abandono de nossa malha ferroviária, me pergunto, até quando este descaso e desrespeito com nosso patrimônio histórico.
  

Ponte Preta, segundo conhecida na região, sobre o Rio Ingá 

Parte do trecho em Ingá com os trilhos furtados

Aqui um dia circulou uma quantidade gigantesca de trens. Hoje o abandono toma conta de tudo.

Mato quase cobrindo o trecho.

Ferrugem cobrando boa parte da estrutura metálica

Base de pedra e concreto da ponte com 3,5 metros de altura 6,80 de comprimento

A estrutura vista de baixo

Parte do aterro de um dos lados da cabeceira desaparecido pela enxurrada fluvial em anos passados 

A centenária e sofrida Ponte do Rio Ingá

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Obras D'Artes - Vídeo em Visita a Ponte de Guarita - Itabaiana

Olá amigos do HFPB. Trago agora um vídeo que fiz em visita a grande Ponte de Guarita na manhã da última quinta-feira, dia 31 de janeiro. Esta grande ponte está localizada no município de Itabaiana, próximo ao Distrito de Guarita sobre o famoso Rio Paraíba 
Construída entre 1905 e 1907 pela companhia Great Western of Brazil Railway  (GWBR) para o prolongamento do Ramal Itabaiana - Campina Grande, inaugurado oficialmente em 2 de outubro de 1907.
Infelizmente sua superestrutura está cada vez mais enferrujando, sem nenhuma manutenção, já que não circulam trens faz alguns anos e sem perspectiva de volta. Confira:




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Estado Atual da Estação de Lauro Müller

Olá amigos do HFPB. Depois de muito tempo finalmente fiz uma visita ao local aonde localizava a estação de Lauro Müller, nas proximidades do Rio Paraíba, Distrito de Guarita, município de Itabaiana. Estação esta localizada a 3,8 quilômetros do Triangulo, e 5,2 da estação de Itabaiana
A visita foi realizada na manhã de ontem, quinta-feira, 31 de janeiro. O que constatei é que não existe mais estação, apenas a velha plataforma e parte da base do prédio e um antigo banheiro ainda em pé, onde atualmente serve, segundo os moradores do local, de depósito e um abrigo de animais domésticos (casinha do cachorro).
Está a cerca de 230 metros da grande Ponte de Guarita, com seus 150 metros de comprimento.
No mesmo complexo existia no passado, uma caixa d'água, abrigo para o motor a vapor e um cata vento para a provisão d'água e abastecimento das locomotivas e carros tanques. 
Infelizmente tudo demolido, restando pouquíssimo desta "elegante estação", segundo comentários do correspondente do jornal Diário de Pernambuco da viagem inaugural do Ramal Itabaiana a Campina Grande no dia 2 de outubro de 1907 (a reportagem saiu no dia 6 de outubro).
Segundo o mesmo jornalista, na descrição no referido jornal:
"É um ponto de parada, destinado mais a provisão d’agua às locomotivas.
A companhia mandou construir ali uma elegante estação, que na parada do trem se apinhava de populares, na anciã de contemplar o seu movimento.
Eram moradores do povoado Guarita, disseram-nos, os quaes ali foram assistir à chegada do comboio.
Lauro Muller não tem casario; duas ou três casinhas completam com o pequeno chalet da estação, o seu todo...
A Great Western, talvez por conveniência de serviços, resolveu fazer ali uma parada.
Como affirmâmos a estação é elegante, regularmente subdividida, servindo como chefe o sr. Honório Lemos, que ao mesmo tempo exerce as funcções de telegraphista."  
Outro fato curioso e trágico que aconteceu na estação de Lauro Müller foi quando se deu a grande e terrível cheia do Rio Paraíba em 1924. As águas do manancial subiram a tal ponto que é até difícil de imaginar como elas se elevaram tanto para chegar até a estação. Mas foi exatamente isto que aconteceu, do local da estação até o curso normal do Paraíba localiza a 160 metros de distância e uma altura de mais de 10 metros até o nível d'água. De acordo com O Jornal de 20 de abril de 1924, traz a seguinte matéria: 
"ITABAYANNA, 19 - Enchente rio Parahyba subiu água 41 pés em Lauro Müller, innundando kl. 150 numa extensão de 450 metros, subindo água acima dos trilhos um metro e kls. 155 a 157 numa extensão de 1.600 metros subindo água acima dos trilhos 2 metros. Estragou aterro kl. 4, ramal Campina Grande e o aterro kl. 147 como também carregou casa de bomba em Lauro Müller, levando burro que carrega água, estação e caldeira rio abaixo. Derrubou também catavento, estando tráfego totalmente interrompido.
Exatamente isto que podemos ler acima, os efeitos da enchente foi tal, que destruiu boa parte das instalações locais. Traduzindo, 41 pés equivalem a 12, 4 metros, isso foi a altura que as águas do rio chegaram. Jamais se teve notícia de uma enchente tão violenta quanto esta.
A estação naquela época já tinha sido arrasada em grande parte pelo fenômeno fluvial. 
Segundo os moradores da região a estação foi demolida há décadas, já que não teve  mais"serventia" em provisão d'água para as locomotivas a vapor (substituídas por trens movidos a diesel a partir da década de 1960) e a suspensão de trens de passageiros no final da década de 1970. 
Lamentavelmente mais um patrimônio que se perdeu pra sempre, restando quase nada que remete aos bons tempos da ferrovia no Estado.


Local aonde existiu um dia a estação de Lauro Müller

Local aonde existiu um dia a estação de Lauro Müller

Local aonde existiu um dia a estação de Lauro Müller

Antigo banheiro, único que restou de pé 

Local aonde existiu um dia a estação de Lauro Müller

Base da plataforma

Restos de Pilares. Provavelmente para a disposição da caixa d'água 

Muito provavelmente tenha sido ou a base da antiga caixa d'água ou o antigo abrigo para o motor a vapor

Muito provavelmente tenha sido ou a base da antiga caixa d'água ou o antigo abrigo para o motor a vapor
Velho bueiro capeado

Corte na rocha próximo a estação. Podemos observar esta estrutura no alto

Barreira caída no corte próximo a estação