Olá amigos do HFPB. Recentemente, o pesquisador ferroviário e amigo, Josélio Carneiro de Araújo, esteve juntamente com Janilson Aranha, na centenária estação de Pilar, para pesquisas.
O estado segundo de conservação é considerado regular, segundo me contou Josélio, que uma família reside na estação, mantendo um grau de conservação até relativamente satisfatório, esta família reside faz um bom tempo. As funções de estação de passageiros, em Pilar, deixaram de funcionar desde princípios da década de 1980, quando o transporte ferroviário de passageiros foi suspenso em todo o interior da Paraíba.
O prédio passou por algumas reformas e ampliações ao longo dos anos, como por exemplo, a mudança da configuração das portas frontais (algumas eram em arco pleno), além de uma ampliação estrutural (puxadinho) nos fundos, afim de melhor acomodar o Chefe de Estação e sua família, que residiam na mesma, além de outras reformas na mesma. Estas interferências estruturantes, aconteceram a fim de melhor acomodar os seus usuários, como as famílias ali instaladas, a exemplo das estações de Guarabira, Ingá, Campina Grande, Galante, entre outras.
Próximo a estação está localizada do antigo armazém. Porém, este armazém também foi modificado após reformas estruturantes, descaracterizado de sua configuração original, porém, ainda pode identificar elementos de sua configuração original, como uma porta, a anos emparedada, em arco pleno, características de inúmeras construções da The Conde D'Eu Railway Company Limited.
Ao lado do referido armazém, existe uma cisterna de armazenamento d'água para as caideiras das antigas locomotivas a vapor, além para o abastecimento da estação. Tudo indica que o precioso líquido era proveniente do próprio Rio Paraíba, localizado a cerca de 200 metros de distância do local.
A estação de Pilar foi inaugurada pela The Cond'Eu Railway Company Limited em 28 de novembro de 1883, as margens do Rio Paraíba. Chamado na época de 'Ramal de Pilar', partindo da estação de Entroncamento (Paula Cavalcanti) até a então vila de Pilar, numa distância de 25 quilômetros. Seria mais uma etapa de alcançar o Estado vizinho de Pernambuco por via férrea, o qual atingiu este objetivo em 1900. É um bem tombado pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba) desde 2002.
A referida estação segue a linha simples de construções ferroviárias implementadas pela Conde D'Eu, sendo considerada pela mesma, como uma estação de Segunda Classe. Embora fosse considerada de "segunda classe", a estação de Pilar foi construída correspondente ao modelo de uma estação de "terceira classe", ou seja, o mesmo projeto da estação de Mulungu, por exemplo, sendo a estação desta localidade, classificada de acordo com esta classe.
De acordo com o maravilhoso trabalho acadêmico, de Maria Simone Moraes Soares, intitulado 'Território e Cidade nos Trilhos da Estrada de Ferro Conde D'Eu - Província da Parahyba do Norte (1871-1901), trabalho de Tese de Doutorado apresentado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) em novembro de 2018:
"A arquitetura da estação de Pilar, mais uma vez, denuncia a simplicidade que se empregava nessas construções. A sua organização interna também representava que havia sido projetada para atender as necessidades do tráfego da estrada e também à moradia do chefe da estação, além de abrigar, por vezes, as “turmas” de trabalhadores da manutenção. Apesar de distante do núcleo consolidado, essa estação e sua esplanada configuraram o espaço mais movimentado da vila, com movimento de trens de segunda a sexta, até final do século XIX. Esses comboios traziam consigo dinamização ao comércio e serviço locais."
Realmente, a importância desta estação para todos os habitantes da urbe era de grande relevância. Transformando-se, posteriormente, em um núcleo de transição entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, até sua desativação, no início da década de 1980. Agradeço desde já a disponibilidade de Josélio Carneiro pelo fornecimento das preciosíssimas imagens a fim de ilustrar ainda mais esta postagem. Confira abaixo as imagens cedidas:
Estação de Pilar atualmente. O prédio serve de moradia para uma família. Foto: Josélio Carneiro
Josélio Carneiro em pose defronte a estação de Pilar. Foto: Janilson Aranha
A centenária estação de Pilar, modificada de sua característica original após reformas. Foto: Josélio Carneiro
Aspecto da estação de Pilar e parte do leito ferroviário. Foto: Josélio Carneiro
Aspecto da estação de Pilar e parte de sua centenária plataforma. Foto: Josélio Carneiro
Aspecto da estação de Pilar. Foto: Josélio Carneiro
O armazém um tanto quanto descaracterizado de sua forma original, porém pode-se identificar uma porta, emparedada, em arco pleno no centro. Foto: Josélio Carneiro
Ao lado do armazém, pode notar uma cisterna de captação d'água para as funções tanto da estação quanto de fornecer o precioso líquido para as caldeiras das antigas locomotivas a vapor. Foto: Josélio Carneiro
Aspecto da cisterna e do encanamento de captação d'água. Foto: Josélio Carneiro