Olá amigos do HFPB. Em visita recente a linha férrea nas proximidades da "Estação Velha" (atual Museu do Algodão), em Campina Grande, a exatos 284 metros desta, me deparei com um pontilhão com as características originais de ferro fundido, ombreiras de pedras e concreto, sobre o Riacho do Açude Novo, posteriormente Canal do Açude Novo, no Bairro da Estação Velha.
Na realidade, são dois antigos pontilhões, paralelos, construídos em 1907, para o acesso até a estação de Campina Grande, ponto final do Ramal Itabayanna - Campina Grande.
Porém, um dos pontilhões, foi transformado em passarela cimentada improvisada para pedestres, já que há décadas seus trilhos foram retirados, restando apenas como evidência, a estrutura de ferro fundido como base dos antigos trilhos.
Com 5 metros de comprimento e aproximadamente 2,5 metros de altura, suas posições quilométricas são de 79,500 km em relação ao início do ramal, em Itabaiana. Ambos seguem a mesma linha estrutural dos demais pontilhões construídos no ramal, assim como em outras localidades.
O fato de existirem dois pontilhões paralelos, bem além da estação, é do fato de existirem, no pátio da mesma, inúmeras linhas ramificadas, se espalhando por vasta área, linhas estas sendo utilizadas para inúmeras funções, entre as quais, manobras, ramais para usinas algodoeiras próximas, triângulo de reversão, provisão d'água (torre da caixa d'água), garagem de locomotivas, galpão de carros de passageiros, armazém, entre outros. As linhas iriam se encontrar um pouco adiante dos pontilhões.
Com a desativação da "estação velha", quando foi construída a chamada "estação nova", esta inaugurada em janeiro de 1961, localizada a 1 km de distância da anterior, os trilhos até então existentes no pátio foram todos retirados gradativamente, assim como a torre da caixa d'água, garagens, triângulo de reversão, entre outras construções.
De acordo com o livro 'História de Campina Grande, De Aldeia a Metrópole, Vanderley de Brito e Ida Steinmuller, IHCG, 2021':
"O Canal do Açude Novo circula o Parque Evaldo Cruz e segue subterrâneo até a Av. Almeida Barreto, onde passa a seguir em céu aberto pala Estação Velha, Rua do Fogo e vai desaguar no Canal do Prado, próximo ao Instituto dos Cegos."
O antigo riacho foi canalizado a partir da década de 1960. Com o avanço urbano na área em torno da "Estação Velha", ao longo de décadas, praticamente ao lado dos trilhos, a poluição encontrada dentro e em torno do canal é notório, o que é lamentável, poluindo ainda mais o poluído Canal do Açude Novo.
A última vez que circulou alguma trem sobre sua estrutura foi no dia 23 de junho de 2019, quando se deu a última viagem do famoso "Expresso Forroviário", ou mais conhecido como "Trem do Forró", com destino ao Distrito de Galante, no período junino em Campina Grande, já postado anteriormente neste blog.
Fontes: História de Campina Grande, De Aldeia a Metrópole, Vanderley de Brito e Ida Steinmuller, IHCG, Campina Grande, 2021.
História de uma Estrada-de-ferro do Nordeste, Estevão Pinto, J. Olympio, Rio de Janeiro, 1949.
Confira abaixo as fotos dos referidos pontilhões:
Aspecto do pontilhão ainda com trilhos e sua estrutura metálica
Aspecto do pontilhão ainda com trilhos e sua estrutura metálica. Detalhe na grande quantidade de lixo jogado no leito do canal
Aspecto dos pontilhões sobre o Canal do Açude Novo. O da esquerda há muito com os trilhos arrancados e transformado em passarela.
Planta do DNEF (Departamento Nacional de Estradas de Ferro) da década de 1950 do trecho da esplanada da "estação velha", notar a grande quantidade de linhas, entre elas o grande triângulo de reversão. O círculo amarelo é a localização dos pontilhões sobre o Canal do Açude Velho, o retângulo vermelho é a localização da estação. Fonte: IPHAN, Recife